MST continuará com ocupações de terra e manifestações pela Reforma Agrária

17/04/2005 - 9h44

Luciana Vasconcelos e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse que as ocupações de terra continuarão sendo realizadas em todo país. Segundo ele, essa é uma estratégia de luta do movimento para reivindicar a reforma agrária. "Nós entendemos que a ocupação tem dois sentidos. O primeiro é denunciar o latifúndio improdutivo e o segundo é pedir que o governo apresse a reforma agrária e vamos continuar com a frente e debatendo a reforma agrária", afirmou.

Além de ocupações, o movimento pretende realizar manifestações a favor da reforma agrária. Está programado para acontecer entre 1º e 17 de maio a Marcha Nacional pela Reforma Agrária. A expectativa é que mais de 10 mil manifestantes saiam de Goiânia em direção a Brasília. "Nosso movimento acredita que precisamos aproveitar esse início de ano para pressionar o governo a liberar os recursos e ao mesmo tempo cumprir os acordos firmados com os sem-terra de todo o Brasil que é assentar em quatro anos 430 mil famílias", disse.

O presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno, disse que a organização apóia as ocupações e manifestações realizadas pelos trabalhadores. "A terra tendo sido proibida aos que não tem dinheiro, desde a lei de terra de 1850. Então o caminho histórico é a ocupação. Esse caminho foi tão consolidado que a própria lei reconheceu que após um ano e um dia de ocupação da terra, de uma forma mansa e pacífica, o ocupante deve ser respeitado", afirmou.

Balduíno criticou ainda o corte orçamentário para Reforma Agrária em R$ 2 bilhões. Deste montante, o governo já anunciou a liberação de R$ 400 milhões. "O corte é uma iniqüidade porque vai diretamente cortar o social. Foi um corte na carne do nosso povo, na vida do nosso povo. Em favor de quê? Dos super ricos, do mercado financeiro, daqueles que usufruem do projeto de globalização e que se situam no plano da ciranda financeira", destacou.

Mesmo com os cortes no orçamento, João Paulo Rodrigues, do MST, acredita que ainda é possível cumprir a meta de assentamentos. "Mesmo que os números estejam atrasados, se o governo quiser, até o final do ano tem capacidade de cumprir as metas e os acordos", afirmou. "O MST vai continuar sendo aliado do governo Lula, em especial do presidente, mas vamos continuar questionando e sendo contrários ao modelo do agronegócio e ao modelo econômico", completou.