Lílian de Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Estudos feitos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Milho e Sorgo comprovam a eficiência de um inseticida formulado à base da bactéria Bt (BacillusThuringiensis) que, inserida no milho, mata a lagarta-do-cartucho. De acordo com o pesquisador Fernando Valicente, coordenador da pesquisa, a expectativa é de que entre dois anos a empresa conclua os estudos sobre o transgênico.
Valicente conta que o objetivo é diminuir a quantidade de inseticidas químicos usados no combate à lagarta. "Alem de eficaz, este método é muito mais barato do que acrescentar produtos químicos nas lavouras", ressalta.
A bactéria, usada como base para o inseticida, foi cultivada em arroz esterilizado. O custo de produção, de acordo com Valicente, foi de aproximadamente R$ 0,07 por hectare. Mas existe outra possibilidade de cultivo ainda mais barata. Outro método, que ainda está em teste, é o cultivo da Bt em adubo orgânico. Ou seja, em um líquido gerado por meio de esterco suíno. "Os primeiros resultados, feitos em laboratórios, são animadores", comemora Valicente.
Outro estudo sobre transgenia do milho está sendo desenvolvido pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa pretende transformar os grãos em medicamento para aves. De acordo com a pesquisadora Urara Kawazoe, a intenção é criar uma espécie de vacina produzida no grão que evite a coccidiose aviária, doença que causa perda de peso em frangos e que gera um prejuízo de mais de R$ 60 milhões por ano para os avicultores brasileiros.
Este anticorpo já se mostrou eficiente no combate a outra praga: ele impede o crescimento do fungo aspergillum, que ataca o grão estocado. "Nosso próximo passo é identificar o gene que codifica a produção da toxina no milho", conta Urara.
Além de evitar a proliferação de doenças em plantas, o milho transgênico também pode representar uma ajuda no combate a doenças, como a diabetes. Os pesquisadores da Unicamp Everson Alves e Cristiane Farinas, participaram do desenvolvimento do processo de extração da pró-insulina humana recombinante produzida no interior do milho transgênico. Isso pode representar uma redução no preço do hormônio, cotado em US$ 100 mil o quilo. "Ao otimizar a extração da pró-insulina, a tendência é que as fases subseqüentes para a obtenção dos cristais de insulina sejam facilitadas", acreditam os pesquisadores.
Eles também fazem questão de destacar os benefícios das pesquisas feitas com vegetais transgênicos. Os pesquisadores contam que, a principal é o custo. "É muito mais barato desenvolver elementos em uma planta do que um animal", explicam. Outro aspecto é que as substâncias originárias das plantas são muito mais seguras do que as de uma bactéria. "Não há indicação de que causem alguma doença ao homem", sintetizam.