Lideranças contestam denúncias de suposta ligação entre PT e Farc

14/03/2005 - 22h35

Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), criticou as denúncias de uma revista semanal sobre supostas doações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) de US$ 5 milhões para campanhas do PT. "A matéria da Veja não é jornalística. É uma matéria montada em sim e não. Ela não aponta e não põe um dado objetivo. Isso não é matéria jornalística, pode ser qualquer coisa menos matéria jornalística", disse.

Segundo o líder governista, o Partido dos Trabalhadores está tranquilo com relação a essas denúncias, "somos contra grupamentos armados. Somos contra ações de terrorismo. Se tiver alguém do PT envolvido com isso, não é mais do PT, está expulso", afirmou.

Também o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Rocha (PA), criticou a matéria ao afirmar que "é requentada e que é uma denúncia vazia". Rocha disse que o assunto já foi debatido na época da campanha presidencial de 2002, quando o então candidato José Serra fez a denúncia nos programas partidários dele. "A denúncia já foi motivos de embates políticos provocados pelo candidato José Serra. Na ocasião, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu e tirou o programa do ar do candidato porque era uma denúncia totalmente vazia", informou.

O líder Paulo Rocha admitiu que representantes das Farc estiveram no Brasil para dialogar com vários lideranças, "inclusive no Congresso, no contato com vários parlamentares. Naquela época as Farc queriam implantar aqui sua representação de embaixada, que foi negada pelo governo brasileiro". Mesmo confirmando as reuniões com as lideranças políticas, o deputado Paulo Rocha garante que não há "nenhuma relação política das Farc com o Partido dos Trabalhadores e muito menos qualquer relação financeira com nosso partido".

Para Paulo Rocha, setores da oposição tentam antecipar uma polarização política antes da hora. "Acho que a oposição está fazendo o papel dela e nós saberemos agir politicamente e fazer a disputa política no momento adequado". O líder petista disse que seu partido não vai assinar o pedido de abertura de CPI para investigar as denúncias. "A CPI é um instrumento importante de investigação aqui na Casa. Ela não deve ser banalizada por um assunto que é a partir de denúncia vazia, sem nenhuma comprovação dos fatos", afirmou.

O deputado Alberto Fraga (PTB-DF) informou que já tem 143 assinaturas para a abertura da CPI. Ele disse que vai intensificar as coletas de assinaturas, por considerar importante que o Congresso investigue as denúncias. Fraga garantiu que o relatório contendo as denúncias foi feito por um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e que ele foi encaminhado à Abin. "Querer dizer que o relatório é mentiroso, é uma estratégia adotada pelo órgão, porque não tem o que responder diante da sua omissão", disse.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, quer explicar no Senado Federal as denúncias. A informação foi repassada pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). O senador petista disse que o general também lhe garantiu os documentos mencionados na reportagem não foram produzidos pela Abin.