Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de um mês de discussão propriamente dita e dos últimos dias de votação tumultuada na Comissão Mista do Orçamento e no plenário do Congresso Nacional, senadores e deputados começaram a levantar a discussão sobre a reavaliação do processo de análise e votação do Orçamento.
Para o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), integrante da Comissão do Orçamento, as regras têm que ser mudadas para que não se chegue ao final do ano com os parlamentares votando a proposta orçamentária do governo numa data espremida entre as festas de fim de ano. "É preciso mudar a sistemática, para não votar mais orçamento entre o Natal e o Ano Novo, para evitar que cheguemos nesta data, nestes dias de plenário vazio, na votação mais importante do país", disse Goldman.
O senador Heráclito Fortes (PFL-PI), terceiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, chegou a queixar-se do que chamou de "corpos estranhos" ao Congresso durante a discussão da proposta orçamentária. "Você vê figuras com aquele lenço saindo do paletó, gravata do último tipo, sapato brilhando, são os lobistas, são os defensores das empreiteiras", disse.
Fortes criticou o fato de se dar mais destaque a temas de interesse das empreiteiras, conforme classificou, do que a temas de interesse dos estados e dos municípios. "Nós precisamos acabar com isso, o orçamento é para o Brasil, o orçamento não é de construtora, não é de parlamentar, o orçamento é da Nação, é do estado, é do município".
O texto do governo, com a proposta orçamentária, foi enviada ao Congresso em agosto, conforme prevê a Constituição e a discussão, de fato, se deu a partir do segundo turno das eleições municipais. Independente de anos eleitorais, no entanto, as críticas foram quanto à pressa em se votar uma série de destaques apresentados de última hora, inclusive pelo fato de alguns parlamentares desconhecerem o teor dessas propostas.
O próprio deputado Alberto Goldman se opôs a votar o relatório sem que se tivesse os impressos das erratas em plenário. O deputado Sérgio Guerra (PSDB-CE) concordou dizendo que "votamos hoje o orçamento muito rápido, muito mais rápido do que já o fizemos antes".