Juliana Cézar Nunes
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Ônibus com placas de todos os estados ficam até a próxima quinta-feira estacionados no pátio do ginásio Nilson Nelson. Por meio deles, agricultores de várias cidades do Brasil vieram para a capital participar da Conferência Nacional Terra e Água – Reforma Agrária, Democracia e Desenvolvimento Sustentável. A organização do evento espera 10 mil participantes. A maioria deles vai dormir em barracas e enfrentar filas de até meia hora para comer.
O desconforto não incomoda o agricultor Afonso Gregório dos Santos. Pernambucano de Oricuri, ele veio em busca de apoio e idéias para solucionar os problemas que enfrenta. O principal deles, uma praga que acabou com o plantio do algodão. Há também a falta de água, que compromete o cultivo de milho, mamão e mamona. "A água dos açudes secou", conta o senhor. Sua voz baixa é encoberta pelas músicas que animam os intervalos da conferência. "Lá, na minha região, a gente só está escapando por causa de uma adutora que traz água do rio São Francisco", conta.
Em Redentora, norte do Rio Grande do Sul, não falta água nem sobra praga. Mas os agricultores da região querem crédito para plantar e pressa do Incra na reforma agrária. Outro participante da conferência, o gaúcho Ernesto Silva acha que o governo precisa aumentar e diversificar os incentivos para a pequena propriedade. No Sul, Ernesto planta milho, feijão, leite e mandioca. Em Brasília, ele está interessado em discutir alternativos para o próprio negócio e aprender técnicas de preservação da água e da terra.
"Temos vários créditos, mas não temos ainda o melhor, com uma linha que tenha carência, que permita investimentos", avalia o agricultor. "Nós defendemos a água porque é vida, defendemos a terra porque vivemos na terra".