Brasília, 11/11/2004 (Agência Brasil - ABr) - O embaixador da Palestina no Brasil, Musa Amer Odeh, admitiu hoje que só haverá uma solução pacífica entre palestinos e israelenses quando o povo de Israel desocupar o território palestino. Para ele, a morte do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, na madrugada de hoje, não significa o fim da luta palestina por um estado "justo e independente".
Segundo Odeh, em breve, o governo palestino será reconstituído. "Sem dúvida, perdemos um líder na hora em que mais precisávamos, mas tenho certeza de que não faltarão pessoas capacitadas para continuar a luta palestina", garantiu o embaixador no Brasil. Arafat liderava a luta palestina há mais de quatro décadas.
Ele disse, no entanto, que o povo palestino não é a favor da guerra. "Estamos lutando apenas para realizar nosso sonho, que é ter um estado independente. Nosso povo necessita de paz, justiça e amor". Musa Odeh afirmou, em entrevista coletiva à imprensa, em Brasília, que o líder Arafat sempre promoveu a paz naquele país. "O primeiro palestino foi Jesus Cristo, e o segundo, Yasser Arafat".
Com a morte de Arafat, o presidente do Conselho Legislativo palestino, Rawhi Fatuh, assume a presidência da ANP por 60 dias, conforme a Constituição daquele país, até a realização das novas eleições que vai escolher o novo presidente.
Os palestinos, informou Odeh, querem a ajuda da comunidade internacional para que possam realizar uma eleição democrática. "Queremos dar exemplo em toda a região do Oriente Médio, por isso, queremos a ajuda da comunidade internacional. E isso exige a retirada dos tanques e dos soldados israelenses de nosso território, que estão impedindo a livre circulação do povo palestino entre as suas comunidades e o contato dos candidatos com seus eleitores".
Yasser Arafat morreu em um hospital num subúrbio de Paris, onde estava internado desde o último dia 29. Depois do velório no Cairo (Egito), o corpo de Arafat seguirá para Ramallah, na Cisjordânia, onde será enterrado em seu quartel-general.O ministro José Dirceu, chefe da Casa Civil, será o representante governo brasileiro no funeral.