Spensy Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Rio - O assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia viaja amanhã ao Haiti com o objetivo de "viabilizar o mais rapidamente a ajuda financeira ao país". Para isso, ele diz que buscará consenso no país sobre as medidas a serem implementadas entre governo, oposição, sociedade civil, tropas da Missão de Paz e as Nações Unidas.
O governo brasileiro, que lidera a Missão de Paz no Haiti, tem repetido que a estabilização do país depende da chegada dessa ajuda financeira. O dinheiro para ajudar o Haiti já está disponível, explicou Garcia. Reunião internacional organizada pelo Banco Mundial em Washington, em julho, disponibilizou US$ 1,2 bilhão para a reconstrução do país. Os doadores, porém, têm sido "parcimoniosos", diz o assessor, por não verem "projetos críveis" nem estabilidade política. Segundo Garcia, eles alegam que, no passado, o país já recebeu dinheiro que foi "pelo ralo".
O assessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva explica as dificuldades que deve enfrentar: "O problema é que no momento atual nós temos uma economia totalmente devastada, uma sociedade em estado de anomia total e instituições políticas extremamente frágeis".
Entre os atores sociais com quem deverá dialogar no Haiti, Garcia destacou o grupo ligado ao intelectual haitiano Gerard Pierre Charles, recém-falecido. Ele também deve se encontrar com membros do partido do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, deposto em fevereiro, os quais vêm sendo responsabilizados por parte do aumento da violência no país: "Já tenho agendado um encontro com um dos dirigentes próximos ao Lavalas". O assessor ressalvou, entretanto, que o recente aumento de conflitos nos bairros de Porto Príncipe e outras cidades haitianas também está ligado a grupos criminosos, sob falsa motivação política.
Garcia fez as afirmações em entrevista coletiva hoje aos jornalistas que acompanham a XVIII reunião do Grupo do Rio. Na conversa, ele reafirmou a prioridade dada à situação do Haiti na agenda do encontro e destacou que viaja ao país como emissário do presidente Lula. No Haiti, Marco Aurélio encontra-se com o brasileiro Ricardo Seintenfus, que também foi enviado ao país há duas semanas com o objetivo de conduzir diálogos políticos para chegar a soluções para a crise.
O Brasil aproveitou a reunião do Grupo do Rio para reforçar os apelos para que os latino-americanos auxiliem na recuperação do Haiti. Garcia explica que essa é uma particularidade histórica, porque é a primeira vez que os países do continente se unem para uma tarefa desse tipo. O assessor sublinhou ainda que a proposta brasileira para a missão é a de "reforçar com pessoal civil latino-americano", e não apenas aumentar o número de soldados no país. Garcia também afirmou que o número de soldados no país deve chegar brevemente a 5,5 mil, o que, segundo avaliação do comando da Missão de Paz, seria suficiente para realizar as atividades definidas pelas Nações Unidas.