Petrobras contesta argumentos do Copom sobre política de preços da empresa

28/10/2004 - 20h40

Andréia Araújo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Petrobras divulgou nota contestando a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo a nota, "o Copom insiste em estabelecer projeções para os preços da gasolina, sugerindo existir um tabelamento de preços que não existe no país".

A nota diz ainda que as regras internacionais que regulam o mercado do petróleo são bastante complexas, muito mais do que supõe a leitura da Ata do Copom. "O Copom insiste em fazer avaliacões sobre defasagens dos preços dos combustíveis, afirmando que "uma mera
protelação de reajustes reduziria a eficácia da política monetária". Trata-se de uma preocupação, pois na realidade não há protelação. Os preços dos combustíveis são competitivos e a política de ajustes da Petrobras observa elementos de mercado", enfatiza o texto divulgado.

A íntegra da nota:

"Na Ata da reunião do Copom, realizada no corrente mês, aquele colegiado que tem como missão principal fixar diretrizes da política monetária, retoma o assunto reajuste de combustíveis. Desde janeiro de 2004, o Copom insiste em estabelecer projeções para os preços da gasolina, sugerindo existir um tabelamento de preços que não existe no País.

A propósito, a Petrobras esclarece que, embora reconhecendo a importância do Copom e respeitando suas prerrogativas de tornar públicas as considerações que provocam suas decisões, espera que seus membros compreendam que o estabelecimento da política de preços dos derivados e a determinação dos ajustes são de exclusiva responsabilidade da Empresa. A Petrobras não pretende emitir opiniões nem divulgar suas eventuais expectativas sobre as taxas de juros futuras.

O mercado de petróleo, particularmente neste momento de incertezas internacionais, é bastante mais complexo do que se pode depreender da leitura do item 21 da referida Ata. O Copom insiste em fazer avaliacões sobre defasagens dos preços dos combustíveis, afirmando que "uma mera protelação de reajustes reduziria a eficácia da política monetária". Trata-se de uma preocupação, pois na realidade não há protelação. Os preços dos combustíveis são competitivos e a política de ajustes da Petrobras observa elementos de mercado.

Essa política continuará a ser adotada pela empresa em 2005. No item 22, o Copom vai além de suas prerrogativas como órgão de política monetária e anuncia que pode vir a estabelecer metas desagregadas para o preço da gasolina em 2005, alegando que "a indefinição da trajetória de realinhamento dos preços dos derivados de petróleo em relação às cotações internacionais" pode ser responsável por projeções pessimistas para 2005.

Voltamos a afirmar que não há indefinição na política de preços da Petrobras. Essa política tem como base os preços internacionais, as complexidades do mercado, a flutuação cambial e outros fatores do mercado competitivo em que a companhia está inserida, com visão de longo prazo, evitando acompanhar as variações e as volatilidades do mercado no curto e
no curtíssimo prazo.

Essas considerações têm por finalidade dissipar dúvidas sobre a prerrogativa da Petrobras de estabelecer sua política de preços e determinar seus reajustes, cuja prática tem demonstrado acerto, como pode ser constatado pela análise dos excelentes resultados da empresa no primeiro semestre de 2004, e pelo comportamento do preço de suas ações. Esperamos que o Copom continue observando sua função precípua de monitoramento da política monetária e das taxas de juros, procurando aprimorar o modelo que vem sendo adotado, em benefício do desenvolvimento da economia do País.

Por sua vez, Petrobras continuará monitorando o mercado do petróleo e seus derivados, para cumprir sua obrigação como companhia de capital aberto com centenas de milhares de acionistas, que é manter seus preços competitivos no presente e no futuro, sem se deixar influenciar pela volatilidade, que tem sido a característica principal do mercado de petróleo nos últimos meses."