Brasília, 28/10/2004 (Agência Brasil - ABr) - Um grupo de 20 cineastas, entre eles Nelson Pereira dos Santos, Luís Carlos Lacerda e Geraldo Moraes, entregou hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um manifesto de apoio à criação da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav). Assinaram o documento 349 cineastas e profissionais do setor, além de 55 entidades representativas.
Ao receber o documento, o presidente Lula disse que é "saudável" o governo receber manifestações da sociedade. "As manifestações são necessárias e devem ser feitas da forma mais democrática. Estou tranqüilo de que, quando chegar ao Congresso, será um projeto não do Gil, mas de toda a sociedade. A nossa disposição é de ouvir todos, quantas vezes necessário. Tenho certeza de que vamos acertar mais do que errar", ressaltou o presidente.
Também presente no encontro, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou que "não podemos fazer um projeto de faz-de-conta. Tenho confiança no debate, mas o Congresso é quem decide".
Segundo o cineasta Geraldo Moraes, presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, o manifesto representa 90% da produção cinematográfica nacional. "O grande sentido da Ancinav é dotar o país de uma atividade audiovisual regulamentada, fiscalizada e voltada para a divulgação do conteúdo brasileiro em todos os meios conhecidos ou por serem instalados".
"Queremos evitar o absurdo que acontece hoje, quando somente 7% da população brasileira têm acesso a imagens através da exibição e a maior parte dos canais de televisão não apresentam produção nacional, ou muito raramente, e temos um tremendo potencial que não é aproveitado por falta de espaço", reclamou.
Segundo diz o manifesto, "é natural que os grupos de comunicação temam um ambiente regulatório em segmentos nos quais têm prevalecido as leis do mercado, mesmo que isso favoreça a formação de monopólio". O texto destaca ainda que "é imprescindível que o Estado tenha condições de fomentar o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva, além de dotar o país de uma legislação moderna que permita enfrentar os desafios tecnológicos".
Para o secretário do Audiovisual, do Ministério da Cultura, Orlando Senna, "todas essas manifestações se devem a uma Ancinav que não está sendo construída pela vontade do governo, mas sim de toda a sociedade".
Convidado para representar a nova geração de cineastas, Paulo Sacramento, diretor do filme O Prisioneiro da Grade de Ferro, lembrou que "o trabalho é grande, não é de 100 metros, mas uma maratona, e a nova geração está com o projeto".
Sobre a alternativa de proposta para a criação da Ancinav encaminhada pelo cineasta Luiz Carlos Barreto ao Conselho Superior de Cinema, responsável pelo anteprojeto de lei, Geraldo Moraes afirma que "não somos contra proposta nenhuma, não estamos preocupados com outros projetos". A proposta de Barreto trás algumas discordâncias em relação ao projeto do Conselho e ainda não foi tornada pública.
"Em breve, todas as sugestões recebidas pelo ministério serão colocadas na internet", informou o secretário do Audiovisual. "Recebemos cerca de 400 contribuições que estão sendo mapeadas", explica o secretário.
Também estavam presentes os cineastas Vladimir Carvalho, Betse de Paula, Mauro Giuntini, Manfredo Caldas, Marcelo Latife, Manfredo Caldas, Tetê Morares, Paulo Sacramento e Malu Moraes, entre outros.