Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Em seu mais recente discurso na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 21 de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que "o necessário combate ao terrorismo não pode ser concebido apenas em termos militares". Acrescentou que "da crueldade não nasce o amor. Da fome e da pobreza jamais nascerá a paz".
Na época, a professora de História Contemporânea da Universidade de São Paulo, Maria Aparecida Aquino, lembrou que acabar com a fome e a pobreza no mundo é a forma mais eficiente de combater o terrorismo em longo prazo. "Uma política (de combate à pobreza, fome e injustiça social) estabelecida claramente por todos os países do mundo, sem dúvida, seria o mais importante elemento contra o terrorismo em temos mundiais", disse.
Na Assembléia Geral da ONU, Lula lembrou também as enormes diferenças sociais que surgiram ao longo da história. Ele lembrou que em 1820, a diferença de renda per capita entre o país mais rico e o mais pobre do planeta era inferior a cinco vezes. Hoje, essa diferença é de 80 vezes. Os antigos súditos converteram-se em devedores perpétuos do sistema econômico internacional".
Para a professora da USP, "se todos nós nos uníssemos e tivéssemos uma política concreta contra a fome e a pobreza no mundo inteiro – e é isso que ele (presidente Lula) está querendo dizer – não haveria mais espaço, em longo prazo, para coisas terríveis como o terrorismo, porque fundamentalmente a causa inicial do terrorismo internacional é exatamente a desigualdade e a injustiça social".
O professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Mário Presser, analisou a questão de outra forma. Para ele, o terrorismo no mundo de hoje é provocado, sobretudo, por motivos culturais e religiosos. No entanto, ele destacou a relação da fome com a violência em geral.
"Existe uma relação de causa e efeito muito notória entre pobreza e violência. É só notar que as regiões de grande pobreza no planeta são extremamente violentas. Essa violência contínua nessas regiões acaba criando um caldo de cultura favorável a todo o tipo de fundamentalismos desencadeando um estado muito próximo da barbárie", explicou.