Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As empresas Cargil, Rhodia e Chrysler também rebateram as críticas do relatório "O Estado Real das Águas no Brasil", da Defensoria das Águas.
A Cargill foi apontada como reponsável por um depósito de resíduos tóxicos no Aterro Mantovani, em Santo Antônio de Posse (SP), área contaminada em Cubatão (SP), emissão de poluentes na atmosfera e falta de controle de resíduos em Uberlândia (MG).
De acordo com a assessoria de imprensa da Cargill, em 1987, a empresa possuía uma unidade de processamento de aves em Jaguariúna (SP) e utilizava a água de uma lagoa próxima. O lodo que se formava na lagoa era utilizada como alimento para as aves.
A Cargill enviou dois caminhões num total de 80 mil litros com esse material para o Aterro Mantovani. Segundo a assessoria, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb) analisou esse material e atestou que ele não era tóxico, podendo ser utilizado como fertilizante.
Apesar de afirmar não ser responsável pelo depósito de material tóxico nesse local, a Cargill assinou, juntamente com as outras empresas que fizeram uso do aterro, o termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público e o governo de São Paulo. Por esse acordo, a empresa se comprometeu a destinar R$ 200 por mês às ações de recuperação do aterro. O baixo valor, segundo a assessoria, confirma que a empresa não teve participação nos danos ambientais na região.
Chrysler – É acusada no relatório de depósito de resíduos tóxicos no Aterro Mantovani e de contaminação de áreas em São Bernardo do Campo e Campinas (SP).
Em comunicado à imprensa, a DaimlerChrysler do Brasil afirma que segue a política ambiental vigente para todas as empresas pertencentes ao Grupo no mundo e que trabalha continuamente para melhorar o desempenho de seus produtos e processos, sempre com vistas ao atendimento da legislação ambiental.
Em relação ao Aterro Mantovani, a empresa informa que utilizou o aterro, em uma única ocasião (julho de 1987), para depósito de resíduos, conforme licença de funcionamento que o aterro recebeu da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), na década de 70.
"Em setembro de 1987, o aterro foi interditado pela Cetesb. A comunicação oficial realizada pela Cetesb à DaimlerChrysler sobre a contaminação do aterro foi feita no início de 2000. Dessa forma, a DaimlerChrysler do Brasil e outras empresas que faziam uso do aterro, após várias tratativas com o Ministério Público e a Cetesb culminaram com a assinatura do Termo de Compromisso para a recuperação do aterro", informa a nota.
Rhodia – A empresa é apontada como responsável pela contaminação de solo e das águas em Santo André, Itanhaém e São Vicente (SP).
O consultor ambiental da Rhodia, Plínio Carvalho, se disse surpreso com a aparição da empresa no relatório porque esses casos, segundo ele, ocorreram na década de 70 e 80. "Naquela época, o caso Rhodia teve uma determinada notoriedade, agora mais recentemente esse é um assunto que não se discute mais", afirmou.
Carvalho informou que a Rhodia investiu, na década de 80, cerca de R$ 25 milhões na recuperação ambiental dessas áreas. "Nós não conseguimos identificar bem porque essa pesquisa fez com que aparecesse a Rhodia, sendo que é um problema antigo e já solucionado", reforçou o consultor.
Plínio Carvalho disse que não sabe precisar quanto a empresa investe hoje em prevenção de danos ambientais. "Toda vez que se tem um processo industrial, antes de sua implantação, é feito um estudo de engenharia ambiental para que ele não provoque impactos ao meio ambiente. E, realmente, é muito difícil computar esses custos como investimento ambiental porque na verdade você está fazendo um investimento de prevenção", explicou. "Não tenho números precisos para informar, mas são números importantes".