Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Indignação foi o sentimento demonstrado pelos moradores de rua que participaram do Grito dos Excluídos, manifestação que levou cerca de seis mil pessoas ao Monumento do Ipiranga, hoje, na capital. Segundo o representante da população de rua, Sebastião Nicomedes de Oliveira, a presença de moradores de rua no evento oficializou a participação do grupo na manifestação que se realiza há dez anos. "Nós estamos indignados com tudo o que está acontecendo. Nós estaríamos, de uma forma ou de outra, fazendo nossa manifestação, o nosso grito, mas a sociedade nos apoiou", disse.
Sobre os recentes ataques a moradores de rua, Nicomedes disse que não adianta a população de rua se calar diante da situação de insegurança. "Não adianta nós ficarmos calados, parados, dormindo nas ruas e morrendo, como está acontecendo conosco. Se ficarmos só dependendo de que façam por nós, vamos continuar morrendo. Enquanto os criminosos não são pegos, nós continuamos expostos", afirmou. Para ele, é preciso uma ação mais rápida da polícia para solucionar os crimes contra os moradores de rua e da justiça para punir os culpados.
Ele destacou que, devido ao ano eleitoral, este é o momento exato para pedir às autoridades que tomem providências para melhorar as condições de vida dos moradores de rua, tanto em relação à segurança, como em relação a atendimento em hospitais, postos de saúde, abrigos e albergues. "É o momento de pedirmos que incluam o povo de rua no orçamento participativo e nos programas sociais, além da revisão na política dos albergues".
Nicomedes salientou também a necessidade da criação de outros meios para auxiliar na recuperação dos moradores de rua, além dos albergues. "Albergues não bastam, não são solução e não resolvem. Precisamos ter acesso a moradias provisórias, possibilidade de bolsa aluguel, inclusão em projetos de mutirão para adquirir a casa própria, oportunidade de estudo, trabalho e hotéis populares para que pudéssemos terminar os estudos", afirmou.