Policial é acusado de ameaçar morador de rua internado na UTI

04/09/2004 - 13h56

Arthur Braga
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou por meio de nota que a Corregedoria da Polícia Civil vai apurar a suposta ameaça de um agente policial do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), contra um morador de rua. O fato teria ocorrido quando ele fazia a segurança das vítimas sobreviventes dos ataques no mês passado, internadas no Hospital do Servidor Público Municipal.

Segundo a secretaria, o policial, que não teve o nome divulgado, foi afastado do serviço de escolta para exercer função administrativa. "Ressalta-se que o procedimento do policial não teve cunho de ameaça à vítima ou testemunha no contexto da investigação e sim um ato de defesa pela ofensa à policial", diz a nota.

Segundo a direção do hospital, no último dia 30, o agente e uma investigadora que o acompanhava estava escalado para a escolta dos pacientes. Por volta das 22 horas, os dois entraram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para conversar com um dos internos que havia recobrado a consciência naquele dia.

De acordo com relato da enfermagem do HSPM, "o paciente (com identidade presumida de Regildo), sob efeito de medicação, estava agitado e confuso ao ser abordado pelos investigadores. Em uma atitude inesperada, o policial sacou de um revólver, apontando para a cabeça do paciente, que não esboçou nenhuma reação".

O coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Hédio Silva Jr, disse à Agência Brasil, que o "despreparo" do agente que sacou a arma não se justifica, mesmo que tenha tido a intenção de agir em defesa da policial que teria sido ofendida pelo paciente com termos de baixo calão e gestos obscenos.

Silva Jr, disse que divulgou o caso com objetivo de alertar a sociedade e o poder público para garantir a proteção das vítimas sobreviventes dos ataques, já que são "as testemunhas mais valiosas" nas investigações sobre o massacre de mendigos, que deixou seis mortos e nove feridos.

Ele disse que estuda a possibilidade de fazer, nos próximos dias, uma visita aos moradores de rua internados.