Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A parcela da DPMFi (Dívida Pública Mobiliária Federal interna), que é corrigida pelo dólar, registrou, em julho, o melhor resultado desde dezembro de 1999 e deve cair ainda mais em agosto, segundo cálculo de técnicos do Tesouro. A DPMFi é a dívida em títulos do governo federal em poder dos credores.
Em julho, a DPMFi permaneceu praticamente estável com elevação de 0,13% na comparação com junho e subiu para R$ 759,2 bilhões, de acordo com informações divulgadas hoje pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central (Bacen).
"O crescimento de apenas 0,13% foi porque o Tesouro Nacional emitiu menos títulos do que a quantidade que venceu no mês de julho. É uma estratégia de acordo com as condições de mercado", explicou o coordenador da dívida pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle.
Os juros incorporados à dívida foram praticamente compensados no mês pelo resgate líquido de títulos e pelo recuo do valor do dólar. Mensalmente, em média, R$ 9 bilhões são incorporados à dívida por conta dos juros (crescimento vegetativo).
A parcela da dívida em títulos prefixados (o investidor conhece a correção do papel na hora da compra) caiu de 16,8% para 15,1% de junho para julho, graças ao resgate líquida de R$ 14,1 bilhões em LTN (Letras do Tesouro Nacional). Permaneceu, porém, dentro das projeções do governo previstas no Plano Anual de Financiamento do Tesouro Nacional.
A parcela de papéis corrigidos por índices de preços (inflação) cresceu de 14,9% para 15,1% no período.
Houve, ainda, uma emissão líquida de R$ 10,2 bilhões que resultou em um aumento de títulos remunerados pela Selic (taxa básica de juros) de 57,5% para 59,6% de junho para julho.
A parcela da dívida corrigida pelo dólar, considerando apenas os títulos públicos e sem as operações de swap, registrou um recuo de 8,9% para 8,3% em junho. Swaps são contratos corrigidos diariamente por moeda estrangeira
Já com as operações de swap, realizada pelo Bacen, a dívida atrelada à moeda americana teve uma queda de 15,79% para 14,1%, a menor já registrada desde dezembro de 1999, quando começou a série histórica da DPMFi.
"A dívida cambial continua caindo, o que representa uma melhoria na composição da dívida pública mobiliária federal interna. Em agosto, deve ficar abaixo de 14%", comemorou Sérgio Goldenstein, chefe do Departamento de Mercado Aberto do Banco Central.
A exposição cambial diminuiu em R$ 12,6 bilhões passando para R$ 107,15 bilhões, após o Tesouro Nacional resgatar R$11 bilhões em títulos e swaps cambiais.
A redução da dívida cambial traz vantagens porque quanto menor a participação de títulos corrigidos pelo dólar, menor o risco e maior a previsibilidade que o Tesouro Nacional tem para o pagamento de compromissos do governo federal. Reduz o risco das oscilações do dólar contaminarem a dívida na sua totalidade.
O prazo médio de emissão de títulos ficou em 20,5 meses, ante 23,1 em junho. Já o prazo médio do estoque permaneceu constante, em 29,9 meses.
Os bancos nacionais foram os maiores compradores de títulos públicos federais em julho, mas a participação recuou de 67,1% do valor das ofertas para 52,8%.