Experiência com telecentros em São Paulo orienta integração da inclusão digital no país

04/08/2004 - 19h51

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Três milhões de brasileiros que vivem em locais de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) vão ter acesso, até o final do ano que vem, a computadores, Internet e cursos básicos de capacitação na área de informática. A meta do Programa Brasileiro de Inclusão Digital é instalar mil telecentros em 2005 em todo o país, cada um com capacidade para atender entre 2,5 mil a 3 mil pessoas. Cada telecentro vai ser dotado de seis computadores ligados em rede, com instrutores disponíveis para aulas de informática, além de várias atividades culturais e cientificas voltadas para a comunidade.

Atualmente, existem pelo menos 300 telecentros em funcionamento em todo o país, dos quais 108 apenas em São Paulo. A idéia do governo federal é reunir nos telecentros atividades desenvolvidas por vários ministérios e órgãos do governo federal. "Os telecentros não vão disponibilizar apenas acesso à Internet. A idéia é ter um modelo que envolva a comunidade, para que ela escolha as suas atividades", explicou à Agência Brasil Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), vinculado à Casa Civil da Presidência da República.

Amadeu acredita que o programa de inclusão digital vai garantir ao governo federal alcançar a meta de instalar seis mil telecentros em todo o país até o final de 2007 - como está previsto no Plano Plurianual de Investimentos (PPA). Se a meta for alcançada, 18 milhões de brasileiros de baixa renda poderão receber ao final desse período capacitação técnica na área de informática e acesso permanente à Internet.

Segundo Amadeu, a instalação dos telecentros vai ocorrer em prédios e espaços sub-utilizados pela comunidade. Todos os telecentros terão um modelo único, nos moldes dos que foram instalados pela Prefeitura e pelo governo de São Paulo. O presidente do ITI ressaltou, porém, a importância da capacitação técnica para que os computadores efetivamente possam trazer resultados para a comunidade. "O computador sem capacitar a comunidade vira algo que não tem utilidade. O computador desconectado da Internet também não é tão útil como o conectado", defendeu.

Sérgio Amadeu lembra exemplos bem sucedidos de telecentros nas comunidades que receberam o benefício. Um grupo de jovens de Lajeado (SP), por exemplo, passou a produzir um jornal mensal para a comunidade. Já moradores do bairro de Santa Lúcia, na capital paulista, promoveram um concurso de dança entre os freqüentadores do telecentro, que tirou grande parte dos jovens das ruas. "O governo do presidente Lula vai usar tecnologia da informação para aumentar a capacidade dos brasileiros de melhorar as suas condições de vida, de se comunicar, e vai levar tecnologia de ponta às áreas de pobreza para que ela seja uma ferramenta de superação das condições que mantêm aquela população pobre", enfatizou.

O programa foi batizado provisoriamente de "Casas Brasil", numa referência a cada um dos telecentros a serem instalados no país. O governo também espera poder utilizar no programa softwares livres, que garantem a utilização de programas de computação sem a necessidade de pagamento de royalties aos fabricantes. "Se utilizarmos software livre , vamos economizar milhões de reais e de dólares. O software livre também permite que uma série de jovens capacitados tenham acesso a códigos de programas e possam ter uma capacitação ainda muito mais avançada", ressaltou.