Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Continuam na sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, 49 índios da tribo Pipipan, de Pernambuco, que invadiram o prédio no início da noite de hoje e pedem a demarcação de duzentos mil hectares e medicamentos. Segundo o presidente substituto da Funai, Roberto Lustosa, os índios não passarão a noite no prédio.
A Funai entrou em contato com o Conselho Tutelar para encontrar um abrigo para as crianças indígenas que estão no grupo. "O procedimento é que eles peçam passagens na administração local e seja agendado, aqui em Brasília, o que eles precisam", disse Lustosa, acrescentando que isso não aconteceu: "Aqui não é um hotel, é um prédio público, não tem como dar abrigo e condições sanitárias a 49 pessoas que chegaram sem prévio aviso",
O presidente substituto conta que os índios estiveram reunidos, ontem pela manhã, com o diretor de assuntos fundiários da Funai, Artur Mendes, e a única reivindicação que fizeram foi a demarcação de terras. "Em um prazo de 30 dias, uma equipe técnica fará um estudo preliminar da terra", afirma Lustosa.
Ele disse que as demais reclamações surgiram hoje, quando os índios fizeram, pela manhã, um protesto em frente ao Palácio do Planalto. O líder dos índios Pipipan, Genildo Francisco de Assis, afirmam que "desde 1940, quando um dos nossos líderes foi assinado por fazendeiros da região, viemos sistematicamente sofrendo invasões".
A situação seria ainda mais grave porque a área em que estão é uma reserva ambiental do Ibama, o que não permite a caça ou "que retiremos mel e raízes", ressalta Maria de Fátima. O presidente substituto da Funai informa que a área onde os pipipan vivem é o parque de Serra Negra. "Eles alegam que parte dessa terra é tradicionalmente deles e é exatamente isso que o nosso grupo vai investigar", anuncia.
Segundo Lustosa, o relatório da administração regional da Funai em Recife relata que o líder indígena Genildo de Assis "é um ex-servidor da Funai que foi exonerado após ter incendiado um carro da Fundação. Ele também se apresentou no Maranhão como sendo um índio Guajajára, teve um conflito sério com a polícia federal e teria feito reféns após tomar armas de agentes federais". Para a Funai, as reivindicações são movidas por motivos pessoais e não coletivos.
"Estamos passando fome, precisamos de vacinação, que não existe. Não temos condições para buscarágua, que fica a dez, doze quilômetros", reclama Maria de Fátima Gomes, uma das integrantes do grupo indígena.