No Gabão, Lula defende reformulação do Conselho de Segurança da ONU

27/07/2004 - 19h43

Marcos Chagas e Nelson Motta
Repórteres da Agência Brasil

Libreville (Gabão) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou hoje a defender a reformulação do Conselho de Segurança da ONU. No jantar oferecido à delegação brasileira, Lula parabenizou o Gabão pela eleição do chanceler Jean Ping para exercer a presidência da Assembléia Geral das Nações Unidas em 2004. A 5a. Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que terminou hoje em São Tomé e Príncipe, oficializou o apoio dos oito países da CPLP à entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança.

"Trata-se de justo reconhecimento ao dinamismo da política externa de Vossa Excelência e às qualidades pessoais de seu chanceler", afirmou o presidente brasileiro. Lula reafirmou o desejo de ver das nações em desenvolvimento engajadas num programa mundial de erradicação da fome e da miséria. "Não é possível permanecer indiferente e impassível diante do espetáculo de populações famintas perambulando por um mundo rico em recursos".

O presidente repetiu o pedido feito aos parceiros da CPLP: espera uma atuação ativa do Gabão no Encontro de Líderes Mundiais sobre o Combate à Fome e a Pobreza que acontecerá em setembro, em Nova York. "Vamos lá discutir soluções concretas e realistas para combater esses flagelos", afirmou Lula.

No jantar, o presidente também apresentou as potencialidades comerciais brasileiras. "A experiência brasileira em mineração, construção de estradas em meio tropical e geração de energia elétrica pode ser útil para o Gabão", afirmou aos presentes. E acrescentou "ver com agrado" a presença da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) na exploração de manganês no país. Hoje, o Gabão exporta 3 milhões de toneladas por mês. A expectativa é de que esta exportação dobre a partir dos investimentos realizados pela CVRD, tornando o país o maior vendedor de manganês do mundo.

Lula acredita que a conclusão do acordo de renegociação da dívida gabonesa com o Brasil estimulará empresas brasileiras a participar de obras públicas no Gabão. O país tem uma dívida de US$ 35 milhões com o Brasil contraída junto ao Banco de Paris. Pela negociação, estes recursos serão revertidos em investimentos brasileiros no Gabão.

O jantar oferecido pelo presidente Omar Bongo, no Palácio de Banquetes, em Libreville, reuniu empresários dos dois países. Cerca de 15 empresários brasileiros estão no Gabão para estudar potenciais fontes de investimento.

Depois dos discursos, o presidente conversou com o tri-campeão mundial de futebol, Jairzinho, que hoje treina a seleção gabonesa.