Conferência: mulheres agricultoras pedem mudanças no Pronaf

15/07/2004 - 20h48

Bianca Estrella
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Entre as representações femininas que estiveram presentes na 1ª Conferência Nacional de Políticas para Mulheres, a agricultora familiar e integrante da Federação dos Trabalhadores em Agricultura, Maria Ribeiro, reivindica o direito da mulher do campo de encaminhar pedidos de crédito rural.

"Se não formos casadas, nós mulheres, não podemos abrir um crédito no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Só homens podem entrar com este pedido de crédito rural", explica Maria. "Não temos mais condições de viver dependente do homem, queremos ter nossos direitos", desabafa a agricultora.

Segundo ela, as mulheres do campo também enfrentam problemas com relação à aposentadoria por falta de documentos. De acordo com a agricultora muitas mulheres não possuem nem certidão de nascimento. "Antigamente, os pais não tinham o costume de tirar o documento dos filhos e isso está nos prejudicando hoje".

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9 milhões de trabalhadores rurais não têm documentos de identificação. Destes, cerca de 41 mil mulheres que estão no campo em assentamentos da reforma agrária, não possuem nenhuma espécie de documentação.

A coordenadora da Comissão Nacional de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Raimunda Damasceno, se as políticas públicas definidas pela conferência não chegarem às mulheres do campo, não vão chegar muito longe. "Queremos mostrar que as políticas públicas tem que levar em conta toda a diversidade de mulheres do Brasil", finaliza Raimunda.