Celso Amorim diz que é possível acordo com a China

17/06/2004 - 21h39

Liésio Pereira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, acredita que será possível se fechar um acordo amigável entre os governos do Brasil e da China com relação à suspensão das importações de soja brasileira.

"O Governo não está e não esteve desatento, e nós fizemos sentir que isso também é uma questão importante do ponto de vista do relacionamento dos dois países, sem negar o direito de um país de examinar aquilo que ele vai consumir", afirmou.

"O Brasil está pronto a convidar elementos ou pessoas (do Ministério da Quarentena da China) a virem ao Brasil, inclusive a examinarem até o embarque, fazendo aquilo que é justo, e ao mesmo tempo realista, dentro dos padrões internacionais".

O governo chinês suspendeu a importação da soja de 23 empresas brasileiras ao considerar que estava contaminada com agrotóxicos. Segundo o Ministério da Agricultura, as exportações de soja para a China atingiram US$ 4,5 milhões de dólares em 2003, sendo a China responsável por 6,2% das exportações totais do Brasil, o terceiro parceiro comercial do país, atrás dos Estados Unidos (22,8%) e da Argentina (6,24%).

O chanceler admitiu que os casos sanitários e fitossanitários são muito complexos e até poderiam ser resolvidos no âmbito da Organização Mundial do Comércio, mas aposta em uma solução amigável entre os dois países. "Eu estava em Genebra quando houve o caso, totalmente infundado, da proibição pelo Canadá da carne brasileira, e felizmente os canadenses mudaram (a decisão) antes da gente precisar levar à OMC", lembrou.

Ele acrescentou que o ministério da Quarentena chinês já sinalizou a possibilidade de negociação entre os dois países. "Se há uma disposição de negociar, melhor. Sempre é melhor resolver pela negociação", afirmou.

Em entrevista concedida durante a XI Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), Amorim destacou a importância da China no comércio entre os países em desenvolvimento. "É importante para o Brasil, e é mais importante para os para o conjunto dos países em desenvolvimento como um todo", disse.

O chanceler disse também que o Brasil apóia a entrada da China no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). "Para o Brasil, se a China tem recursos e está disposta a coloca-los para servir a outros países da América Latina, é ótimo. Agora, isso depende também da opinião de outros países e de regras específicas que têm que ser discutidas, mas nós vemos com muito bons olhos esse interesse chinês, como, aliás, apoiamos recentemente a entrada deles na OEA (Organização dos Estados Americanos)", afirmou.