Iolando Lourenço e Gabriela Guerreiro
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O governo do presidente Lula teve hoje uma importante vitória ao conseguir aprovar, na Câmara dos Deputados, a Medida Provisória que elevou o salário mínimo para R$ 260. Na primeira votação, a base aliada derrotou por 266 votos contra 167, e seis abstenções, o relatório do deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) que reajustava o mínimo para R$ 275. Em seguida, a Câmara aprovou em votação simbólica os R$ 260. Os deputados também rejeitaram emenda do PSDB que pretendia a retroatividade do reajuste do mínimo a 1º de abril.
Foi um mês de muito tumulto e pressões iniciadas logo depois da edição da MP, em 1º de maio. Os líderes aliados respiraram aliviados com o resultado da votação que manteve a decisão do governo federal. Para isso, vários ministros e o próprio presidente Lula entraram na defesa dos R$ 260, com o argumento que era o maior possível neste momento. "Não é alegria dar R$ 260. Ninguém está feliz por isso. Todo mundo está fazendo porque são as condições e possibilidades que o país possui para este momento. Todos gostariam de poder ter dado mais, o próprio presidente também", ressaltou o líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP).
Os ministros de Coordenação Política, Aldo Rebelo, e da Previdência, Amir Lando, fizeram um corpo a corpo ao longo do dia para amarrar o placar favorável ao governo, já que a articulação e a persuasão para a aprovação da matéria vinham sendo feita pelos próprios líderes e presidentes dos partidos da base. Aldo Rebelo passou mais de sete horas visitando os líderes aliados, e só deixou a Câmara no final da tarde, quando a proposta já estava em discussão.
A coordenação do presidente Lula com a articulação dos ministros, presidentes de partidos e líderes convenceu muitos parlamentares a reverem suas posições e garantir a aprovação dos R$ 260. No PT, a maior bancada, dos 89 deputados, 73 votaram contra o mínimo de R$ 275, enquanto cinco apoiaram a proposta do PFL, cinco se abstiveram, e outros cinco não compareceram à votação. A princípio, a dissidência era de 21 deputados.
O PMDB, que tem a segunda maior bancada, ficou dividido. Dos 78 deputados, 39 votaram com o governo, 32 com a oposição e sete não compareceram. O PDT foi o único partido que votou fechado contra os R$ 260. Até no PFL e no PSDB, maiores partidos de oposição, dois parlamentares de cada legenda votaram a favor do governo. Nenhum partido da base aliada votou com unanimidade a favor do mínimo de R$ 260. Os partidos mais fiéis da base foram, respectivamente, PTB, PT, PSB, PP e PCdoB.
A MP segue agora para apreciação dos senadores, que prometem também dificultar a sua aprovação. A exemplo do que fez na Câmara, já na próxima semana o ministro Aldo Rebelo começa a peregrinação pelos gabinetes das lideranças no Senado.
A sessão, que começou às 12h e terminou por volta das 21h, foi marcada por inúmeras discussões, tumultos e ataques verbais entre os parlamentares aliados e a oposição.