Secretário americano diz que seu país ''pede desculpas'' por torturas no Iraque

14/05/2004 - 21h11

Brasília, 14/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário-adjunto de Estado para Assuntos Políticos e Militares dos Estados Unidos, Lincoln Bloomfield Jr., reconheceu hoje que as torturas praticadas por soldados do seu país contra cidadãos iraquianos dificulta o trabalho das forças de coalizão no Iraque. "Este escândalo tornou o nosso trabalho muito mais difícil. Estamos pedindo desculpas e tentando mostrar que isso não pode ser varrido para debaixo do tapete. O próprio povo americano quer respostas", afirmou em entrevista na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Bloomfield é o segundo na hierarquia da Secretaria de Estado e responde diretamente ao secretário Colin Powell. Hoje, ele reuniu-se com diplomatas brasileiros para discutir uma série de questões, entre elas o envio de tropas do Brasil para compor a Força de Paz das Nações Unidas no Haiti.

Ainda sobre a crise internacional que se instalou no governo americano depois das denúncias de tortura a cidadãos iraquianos, o secretário adjunto de Estado reafirmou a intenção de seu governo de promover eleições diretas no Iraque até janeiro de 2005.

Sobre o Haiti, Bloomfield afirmou que os Estados Unidos aguardam uma decisão do parlamento brasileiro sobre o envio das tropas para comandar a Força de Paz da ONU. Ressaltou que o Haiti tem problemas sérios de corrupção e tráfico de drogas e, neste sentido, os soldados das forças multinacionais das Nações Unidas poderão contribuir para a estabilidade do Haiti.

O secretário americano disse, ainda, que a transição do comando das tropas internacionais que já estão no país centro-americano para a ONU será feita de forma harmônica. Este cronograma já está em discussão, acrescentou.

Na reunião de hoje com diplomatas brasileiros, Bloomfield pediu ao governo brasileiro que encaminhe aos Estados Unidos todas as informações de armas leves ou pesadas apreendidas no país, especialmente as que estiverem em poder do narcotráfico. O objetivo, segundo ele, é rastrear a origem da venda e punir empresas americanas que eventualmente estejam envolvidas.

Quanto ao episódio envolvendo a cassação do visto do jornalista americano, Larry Rohter, o secretário afirmou que este assunto não teve qualquer efeito nas conversas com as autoridades brasileiras. Comentou, no entanto, que nos Estados Unidos "temos uma mídia aberta e lemos muita coisa que não gostaríamos de ver publicada. A liberdade de imprensa é fundamental mesmo causando a infelicidade no âmbito oficial".

Bloomfield disse, ainda, que a liberdade de imprensa faz parte da força e da experiência americana. Disse, entretanto, que não poderia comentar o que acontece em outros países.