Luiz Marinho não acredita que mínimo possa ser de R$ 300

23/04/2004 - 20h52

Nelson Motta
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, saiu do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, dizendo não ter esperança de que o salário minimo passe a ser de R$ 300, conforme proposta que apresentou. Segundo Marinho, que passou duas horas em reunião com o presidente, existe um debate no governo entre R$ 260 e R$ 270, valor que está sendo anunciado. "Me parece que o salário mínimo deverá ficar entre esses valores", disse o dirigente da CUT.

"Lula não quis discutir concretamente o valor do salário mínimo deste ano. Ele disse, que vai decidir só semana que vem, e que pretende anunciar um conjunto de notícias para a sociedade, antes do primeiro de maio. No entanto, entre essas notícias não está proposta que apresentamos, que é a de criar frentes de trabalho. Entre essas notícias estão saneamento básico, estradas, mas não acredito que frente de trabalho esteja neste conjunto de notícias. Sinceramente, não acredito", desabafou Marinho.

Apesar do resultado da reunião, Marinho diz ter esperanças "de fazer um debate de longo prazo, planejar a recuperação do valor do salário mínimo. Já em relação à frente de trabalho, que eu insisto, espero que a imprensa ajude a criar essa compreensão, a ajudar a sensibilizar o governo", ressaltou.

Para o presidente da CUT, mesmo "com todos os investimentos que possam ser anunciados, com todo o crescimento que possa ser realizado em 2004, não teremos solução para o emprego a curto prazo. A única forma de responder positivamente e se o governo topar investir, junto com os governos dos estados e municípios, na possibilidade de contratação emergencial", disse.

Luiz Marinho acredita que "o presidente Lula compartilha com o problema grave de desemprego. Ele fez uma análise, dando uma visão de governo, das dificuldades que o governo tem de orçamento, e expôs o que vai fazer para inserir 50 mil recrutas nesse processo, mais 50 mil para um processo de formação cívica e formação profissional, através do esforço das forças armadas. Falou das possibilidades de investimento na construção de moradia, citando recursos da Caixa, Banco do Brasil e disse que o BNDES será orientado para que 35% seja destinado a pequenas e médias empresas, e acha que isso possa alavancar um processo de retomada de crescimento contínuo de forma efetiva, gerando assim empregos", relatou Luiz Marinho.

Na análise do presidente da CUT, essas ações não resolverão o problema dos empregos. "Portanto, nesses dez dias, prazo que o governo nos dará uma resposta, nós vamos continuar atormentando, insistindo e pedir que o ministro Berzoini, de fato, converse com os governadores e prefeitos, e que crie as condições para que o governo tome a decisão de investir nas frentes de trabalho, que na nossa visão, a curto prazo, é a única possibilidade de responder positivamente o problema do desemprego no país", concluiu.