Marina Domingos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os estudantes de medicina que se formaram em faculdades de Cuba, brevemente, poderão validar seus diplomas para o exercício da profissão aqui no Brasil. Hoje uma comissão composta por cinco especialistas cubanos esteve reunida com representantes da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC) para discutir o reconhecimento de diplomas entre os dois países.
No ano passado, durante uma viagem feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Cuba, foram assinados protocolos de intenção de cooperação técnica e científica e para a validação dos diplomas. Já no início desse ano, a equipe brasileira visitou as principais faculdades do país para avaliar as condições do reconhecimento dos certificados.
"A equipe esteve na capital, Havana, e em faculdades de Santa Clara e Cienfuegos (cidades do interior) para checar o andamento dos cursos, a assistência médica popular e ainda hospitais e ambulatórios", revelou o chefe da Divisão de Assuntos Internacionais da Sesu, professor Arsênio Becker.
Segundo ele, a formação médica cubana é, desde cedo, integrada à assistência, e os estudantes começam a praticar o estágio logo no primeiro ano da faculdade. O modelo brasileiro é diferente, dividido em duas partes: um período acadêmico e outro de estágio, bem próximo da formatura. "Lá em Cuba a formação é integrada com assistência médica, diferente da nossa", disse ele.
Embora tenham modelos de aprendizado diferentes, para o 1o Secretário da de Colaboração Técnica e Científica em Saúde de Cuba, Filisberto Perez Ares, os dois países poderão manter a validação dos diplomas sem perdas. "É claro que não vamos permitir que maus médicos atuem em nosso país, assim como é fundamental para o Brasil garantir que os estudantes cubanos passem pela avaliação aqui", afirmou Perez.
Durante a passagem pelo Brasil, es especialistas cubanos visitaram as instalações da Escola Paulista de Medicina pertencentes à Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo e na cidade de Marília, interior do estado. Nesta sexta-feira (23) o grupo vai até a Universidade de Brasília e ao Ministério da Saúde, para analisar as instalações brasileiras.
Validade automática
O professor Arsênio lembra que a intenção do governo é avaliar os alunos vindos de Cuba, por meio de uma prova específica. Hoje, para ter o documento válido, os formandos têm que passar por uma rigorosa avaliação até ter o registro profissional liberado. Para os cubanos o exame seria menos complicado. "Não se fala em reconhecimento automático, e sim num modelo próprio de reconhecimento do diploma cubano, diferente do tradicional adotado pelas universidades" explicou ele.
O MEC estuda ainda a possibilidade da validade automática ser aplicada apenas aos alunos formados na Escola Latino-Americana de Ciências Médicas, também situada em Cuba e que terá a primeira turma formada em 2005. Atualmente, cerca de 550 estudantes brasileiros cursam medicina em Cuba, outros 180 já estão formados sem poder exercer a medicina.
De acordo com o professor, o Conselho Federal de Medicina (CFM), que primeiramente se opôs à autenticação dos diplomas, participou de várias reuniões com o MEC e concordou com a realização de uma prova nacional para os titulares de diplomas cubanos.