Brasília - O chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Richard Myers, disse hoje à imprensa brasileira que há expectativa para que o Brasil assuma a liderança no processo de paz no Haiti e que essa liderança é bem vinda. O general conversou sobre a situação do Haiti e a ajuda brasileira com o ministro da Defesa, José Viegas.
"É fato conhecido que o Brasil pensa em assumir papel de liderança e é bem vindo pelos outros países, porque sabemos que as forças armadas brasileiras são bem treinadas e capacitadas", disse o general.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, declarou hoje que aguarda um convite formal da Organização das Nações Unidas para liderar o envio de tropas de paz ao Haiti. "Já existe uma decisão política do Brasil em participar e já fomos inclusive procurados por outros países latino-americanos que querem se juntar a nós". As declarações de Amorim foram feitas durante entrevista coletiva após visita oficial da chanceler colombiana Carolina Barco ao Itamaraty,
Visita
O general Richard Myers chegou ontem ao Brasil para conversar com autoridades brasileiras da área da defesa sobre temas como fronteiras, terrorismo e cooperação militar. Ele passou antes em Manaus, onde recebeu um relatório sobre o funcionamento do Sivam, o Sistema de Vigilância da Amazônia.
Myers disse desconhecer qualquer missão militar americana sigilosa atual ou futura na região amazônica, mas quer saber que atividades de apoio são realizadas na região da tríplice fronteira e outras áreas onde podem ser apreendidas armas, inclusive biológicas.
O militar também manifestou desejo em descobrir onde e como são feitas as negociações para a lavagem de dinheiro que financia o terrorismo. Segundo Richard Myers, a guerra contra o terrorismo não é apenas uma questão militar. Para ele, o sucesso no combate ao terrorismo passa antes por uma questão educacional, política e econômica.
Myers afirmou que Brasil e Estados Unidos estão conversando sobre a regulamentação da lei brasileira que permite a derrubada de aviões clandestinos nos céus brasileiros. Essa lei ainda não está regulamentada e pode entrar em divergência com a legislação de outros países.
Segundo o general, pela legislação americana, só o chefe de Estado pode autorizar o abate de aeronaves. "Existe uma confiança recíproca entre os dois países, é uma questão de satisfazer a lei doméstica dos Estados Unidos", disse o general.
Esta é a segunda visita do general americano ao Brasil. Amanhã ele segue para Argentina e Paraguai.