Nádia Faggiani
Enviada Especial da Agência Brasil
Monterrey (México), 13/1/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou os encontros bilaterais realizados entre Brasil e outros paises latino-americanos, durante a Cúpula Extraordinária das Américas, bastante produtivos. Sobre a iniciativa americana e mexicana de criação de um grupo de paises para ajudar a Bolivia a se estabilizar, Lula afirmou que qualquer iniciativa tomada por um pais para ajudar nações em situações parecidas como a da Bolivia, é boa. "Todos nós queremos ajudar a Bolivia. Os Estados Unidos possui uma politica antiga de ajuda aos bolivianos. O Brasil não quer paternidade, quer parceria no sentido de encontrar uma saida que resolva um problema politico e econômico da Bolivia", declarou.
Lula anunciou que a contribuição brasileira ao pais vizinho já começa na próxima semana com o envio da ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef. Ela vai discutir projetos futuros de construção de um pólo de gás químico entre os dois países e a saida de gás boliviano pelo gasoduto brasileiro. Segundo Lula, o BNDES trabalha para financiar projetos de infraestrutura na Bolivia. "O que nos interessa é que a Bolivia esteja em paz e muito tranquila porque temos mais de 3 mil quilômetros de fronteira", disse.
Lula ressaltou a importância dos paises firmarem acordos comerciais conforme a realidade e necessidade de crescimento econômico de cada um. Questionado pela imprensa se teria tratado com o presidente George W. Bush sobre os problemas entre o governo dele e da Venezuela, ele negou, enfatizando que o problema da Venezuela deve ser resolvido pelo próprio país.
"Torcemos para que a Venezuela encontre uma solução democrática para seu problema político. Há uma comissão eleitoral que cuida da organização do referendo.A oposição está buscando assinaturas, o governo quer fiscalizar para ter certeza de que são fidedignas, há delegações internacionais acompanhando. Acho que se analisarmos hoje, comparada há anos atrás, a
Venezuela deu passos excepcionais para concretizar a democracia", declarou Lula.
O presidente comentou o encontro com o presidente George W. Bush, realizado na madrugada desta terca-feira, afirmando esperar que os dois governos negociem o mais rápido possivel um acordo recíproco de dispensa de vistos entre os dois países. O presidente brasileiro afirmou que a finalidade do encontro foi mostrar ao presidente Bush que um pais como o Brasil que tem
relações históricas com os Estados Unidos não pode ser tratado com desrespeito.
Lula reafirmou as declarações do ministro Celso Amorim de que não há interesse em deixar cidadãos americanos esperando nos aeroportos brasileiros e que "a reciprocidade não significa querer mal a alguem, mas querer que sejamos respeitados lá fora". O presidente brasielrio disse estar otimista de que haverá mudanças nas relações entre os paises. "No mundo globalizado em que as relações precisam ser cada vez mais aprimoradas não existe motivo para esse tipo de tratamento. Disse a Bush que se o problema é combater o terrorismo não temos e nem queremos ter uma cultura do terrorismo. Se o problema é que existem brasileiros desrespeitando a legislação americana, temos que adotar outro mecanismo e não o constrangimento", afirmou Lula.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o secretário de Estado dos EUA, Collin Powel, reafirmou durante o encontro entre os dois presidentes, o interesse em fazer uma visita ao Brasil.