Cristina Guimarães
Repórter da Agência Brasil
Brasília, - O governo lançou hoje um novo modelo de assentamento da reforma agrária, voltado para a produção sustentável das florestas. Isso significa aliar a produção familiar à preservação ambiental e recuperação de áreas devastadas.Foi o que ficou acertado através da portaria assinada pelos Ministros do Desenvolvimento Agrário,Miguel Rosseto, do Meio Ambiente,
Marina Silva e o Presidente do Incra, Rolf Hackbart.
A primeira experiência será nos municípios de Rodrigues Alves e Sena Madureira no Acre. O governo já desapropriou uma área de 85 mil hectares, onde 500 famílias passarão a trabalhar a terra a partir de janeiro. A seleção dos assentados dará prioridade aos posseiros e trabalhadores sem terra inscritos para os assentamentos que tenham identidade e o mínimo de conhecimento do manejo florestal.
A ministra Marina Silva definiu a medida como um resultado concreto da percepção do governo de que a reforma agrária não pode ser um vetor de destruição, "ela deve combinar os aspectos sociais com a questão ambiental, daí a modalidade que privilegia a floresta em pé e o seu uso
sustentável", afirmou.
Para o ministro Miguel Rossetto o governo está inaugurando um novo modelo respeitando a estratégia de desenvolvimento rural vinculado à política de assentamento. Ele explicou que os projetos serão adequados às realidades regionais sempre voltados para o cuidado na ocupação respeitando o bioma e garantindo emprego e renda. "O assentamento traduz o novo papel de reforma agrária. A atividade produtiva fundamental será a floresta a partir do manejo sustentável", disse.
Os assentamentos da reforma agrária implantados nas florestas serão baseados no manejo da madeira e de outros recursos não madeireiros como o cultivo de ervas medicinais, de frutas além do manejo de animais. De acordo com o Incra, os assentados também trabalharão na recuperação de matas e no plantio de subsistência.
De acordo com o superintendente do Incra no Acre, Raimundo Cardoso, já estão disponíveis para serem transformadas em assentamento florestais cerca de 320 mil hectares, o correspondente a 2% das terras do estado. O ministro Miguel Rossetto anunciou que após a consolidação desses dois assentamentos, o Incra implantará o mesmo modelo no Amazonas e em Rondônia, que ficam na floresta amazônica, a maior do mundo. O Ministério do Desenvolvimento Agrário pretende mudar as linhas de crédito para os produtores desses assentamentos por causa do ciclo de produção que pode durar até 30 anos. O assunto está em estudo.