Brasília, 19/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Vendedores, estudantes, prostitutas, evangélicos, engraxates e mendigos. A diversidade de pessoas que circulam pelo Conic foi o tema do filme Subterrâneos, do brasiliense José Eduardo Belmonte. O diretor afirma que após o trabalho, ficou ainda mais perplexo com as diferentes realidades encontradas no conjunto de prédios comerciais, em Brasília. "O Conic é um labirinto, quanto mais você entra, menos consegue achar a saída. É um labirinto inclusive na própria arquitetura", diz Belmonte.
O local faz parte do projeto original de Brasília e foi pensado por Oscar Niemeyer para ser o centro cultural da capital. Porém, com o tempo, acabou abandonado. Hoje, abriga lojas de skate, de discos, bares, uma faculdade de teatro, boates de strip-tease e é um dos pontos do tráfico de drogas da cidade, o que mostra estar bem longe do seu destino inicial.
O filme abriu, na noite de ontem, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, a trigésima sexta edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que neste ano apresenta duas novidades: O I Mercado do Filme Brasileiro trouxe trinta compradores internacionais, de onze países diferente, para assistir, negociar e, é claro, importar as obras brasileiras e além do mercado, montado no Hotel Nacional, todos os filmes deste ano serão legendados em inglês, para que os compradores possam assistir às sessões no Cine Brasília.
O Festival de Brasília é o mais antigo do país e o único a só exibir filmes nacionais. Este ano, recebeu um número recorde de inscrições, foram 156 filmes. Fazem parte do Festival, seis longas-metragens. Todos de diretores já veteranos das telas, entre eles, Julio Bressane, Carlos Reichenbach e Rogério Sganzerla.
O filme mais comentado é "Glauber o Filme, Labirinto do Brasil", de Silvio Tendler sobre Glauber Rocha, considerado o maior cineasta brasileiro e expoente máximo do Cinema Novo.