Criação de Secretaria-geral é aprovada na 13ª Cúpula Ibero-Americana

15/11/2003 - 17h01

Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), 15/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - A 13ª Cúpula Ibero-Americana aprovou por unanimidade, na primeira reunião de trabalho, o "Informe Cardoso", documento que apresenta as sugestões do grupo de trabalho comandado pelo ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso sobre o futuro da conferência.

O "Informe Cardoso" foi intensamente debatido pelos 21 chefes de Estado e de Governo presentes ao encontro e ficou acertada para o ano que vem, na data da próxima cúpula, a criação de uma secretaria-geral, de caráter permanente, que passará a coordenar os acordos feitos no âmbito da Conferência Ibero-Americana.

Na próxima edição da cúpula, prevista para se realizar na Costa Rica, também deverá ser aprovado o estatuto da Secretaria e escolhido o secretário-geral, que terá a função de apenas coordenar as decisões – elas continuarão sendo tomadas apenas pelos governantes dos países na reunião anual de presidentes e primeiros-ministros. Espanha e Panamá já manifestaram a intenção de sediar a Secretaria.

O governo brasileiro espera que, com a secretaria, as decisões tomadas na cúpula sejam cumpridas com mais agilidade. "Não só o presidente Lula tem pedido para que essas reuniões sejam mais práticas. Está havendo uma 'overdose' desses encontros e todos os presidentes precisam se preocupar com suas agendas internas. Há um excesso de compromissos internacionais", avalia o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia. "Presidentes das mais diferentes tendências reclamam que ainda há muito discurso e pouca efetividade na Conferência Ibero-Americana", completou o assessor.

Discussão da Alca

No café da manha com os presidentes Vicente Fox (México), Nestor Kirchner (Argentina) e Ricardo Lagos (Chile), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a união circunstancial dos países ao defenderem seus interesses no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), quando os pedidos forem congruentes. "Se dois países têm a mesma posição sobre compras governamentais, por exemplo, podem buscar a defesa de suas questões juntos, o que dá à Alca uma geometria variável", defendeu o assessor do presidente.

Marco Aurélio Garcia também ressaltou a importância da Cúpula para a Bolívia, ao informar que "todos os países estão apoiando o novo governo do presidente Carlos Mesa", que assumiu em outubro, após a renuncia de Sanchéz de Lozada, no auge da crise do gás.