Povos indígenas das Américas querem espaço na sociedade da informação

10/10/2003 - 21h05

Lidia Porto
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A insatisfação dos povos indígenas das Américas com as políticas governamentais foi a marca registrada do Encontro Preparatório para a Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação, a ser realizada em dezembro na cidade suiça de Genebra. No entanto, não foram só as reclamações que tiveram espaço. Ao contrário, propostas foram elaboradas no sentido de amenizar o problema.

Entre as soluções apontadas está a internet. A rede mundial de computadores é, na opinião de representantes dessas 34 tribos indígenas que estiveram no encontro em Brasília, uma ferramenta essencial. Por isso, pleiteam acesso à tecnologia com o objetivo de derrubar um "muro" existente entre a sociedade civil e eles. Só que caractéristicas específicas dos indígenas tornam-se empecilhos, tais como a distância das aldeias dos centros urbanos.

O representante da tribo argentina Mapuche, Nylo Cayuqueo, disse que, em virtude de situações como essa, os povos indígenas continuam sendo colonizados. "A comunicação está sendo comercializada a favor de poucos. Nosso pensamento é distorcido. Não consideram a voz dos povos indígenas", queixou-se.

Representantes bolivianos aproveitaram a deixa para tratar dos assassinatos e genocídios naquele país e da falta de ação do governo local. Lamentaram tal situação porque acreditam que é um sério desrespeito à sua cultura.

O Brasil também teve voz no encontro. Pajés apresentaram um documento especial, em que apóiam uma integração continental das tribos indígenas, com a finalidade de formar redes de comunicação. Assim, seria possível compartilhar informações e lutar pelos direitos indígenas. Além disso, querem um maior envolvimento dos governos nacionais na composição de políticas.

Entre as mais importantes propostas, que serão levadas a Genebra, estão: a participação de representantes indígenas no debate sobre sociedade de informação e a adoção de mecanismos legais que impeçam a comercialização do conhecimento indígena.