Diplomata explica como a França tentou resgatar ex-senadora colombiana

30/07/2003 - 21h27

Brasília, 30/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - O caso do avião enviado ao Brasil pelo governo da França para tentar resgatar na fronteira brasileira com a colombiana a ex-senadora Ingrid Betancourt, refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) levou hoje o secretário geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, a explicar, na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, as circunstâncias que envolveram a malograda tentativa de resgate e as providências do governo brasileiro diante do comportamento de autoridades francesas.

De acordo com Assessoria de Comunicação do Itamaraty, tudo começou no dia 12 de julho quando o ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, então em viagem pela Europa, questionou o embaixador da França no Brasil, Alain Rouquié, sobre boatos de que a tripulação de um avião de seu país, estacionado no aeroporto de Manaus (AM), tentava comunicar-se com pessoal das Farc. Rouquié negou. Do Brasil, Celso Amorim foi informado que a tripulação "apresentava movimentações suspeitas" e solicitou a saída do avião do solo brasileiro.

Posteriormente, por meio da imprensa, a opinião pública tomou conhecimento que os franceses cumpriam de fato uma missão no Brasil, a mando das autoridades de seu País, sem o prévio conhecimento do governo brasileiro. O ministro do Exterior da França, Dominique de Villepin, teria afirmado que o "objetivo da iniciativa foi atender a um pedido da família de Ingrid, que caso fosse libertada, como se esperava, pudesse ser levada imediatamente para a França".

Samuel Guimarães informou aos parlamentares que o "governo brasileiro fez chegar ao governo francês o descontentamento e surpresa com a operação". O Brasil fez saber também que as informações desencontradas, ambíguas e imprecisas, tais como as veiculadas na imprensa francesa, não contribuem para as relações do governo brasileiro com o francês. O secretário disse também na Câmara que o Brasil aguarda esclarecimentos oficiais e manifestações inequívocas de que acontecimentos dessa natureza não se repetirão.