Brasília, 21/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Representantes da Comissão Nacional da Pecuária de Leite, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, vão ter um encontro amanhã com Ivam Wedekim, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Eles apresentarão uma proposta de abertura de uma linha de crédito especial para retenção de matrizes.
De acordo com Rodrigo Sant’Anna Alvim, presidente da Comissão, a reivindicação dos produtores vem desde a discussão do Plano de Safra Agrícola e Pecuário de 2003/004. "A sugestão, no entanto, no foi incorporada no plano e consideramos isto extremamente importante para corrigir problemas e distorções e práticas erradas, como o uso, em reprodução, de animais não-especializados em pecuária leiteira", revelou Sant’Anna. Ele lembrou que não será necessária a criação de uma nova linha, apenas a reativação de uma já existente no Manual de Crédito Rural.
O presidente da CNPL, disse que a falta dessa linha de crédito está forçando os pecuaristas a sacrificarem as matrizes especialistas na produção leiteira. Com isto, têm sido usados como reprodutores animais criados para o abate, principalmente em Minas Gerais, São Paulo e Goiás.
Segundo Sant’Anna, isto põe em risco o abastecimento nacional de leite, a médio prazo. "Houve desestímulo e aumento das importações. Além disso os custos de produção aumentaram e trouxeram uma crise para o setor", afirmou.
O problema do cruzamento de animais de corte com os de produção leiteira já foi motivo de um estudo feito pela Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora. "A avaliação é de que o crescimento dessa prática poderá trazer um retrocesso, que levaria cerca de 23 anos para corrigir a diminuição da produção". Atualmente, no ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento há uma linha de crédito para retenção de matrizes de suínos. No caso de bovinos, o crédito é de custeio, aumentado de R$ 60 mil para R$ 90 mil.
Hoje, ao ser recebido pelo secretário de Defesa Agropecuária, do ministério, Maçao Tadano, o representante dos pecuaristas, Rodrigo Sant’Anna, reclamou de determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para que as embalagens de leite contenham advertências ao consumidor. "Isto, como se fosse cigarro ou bebida alcoólica, coisa para viciado", reclamou. Outra queixa dos produtores é a adição de soro ao leite, que vai de 10% a 70%. "Não somos contra a isto. Porém, o consumidor é induzido a comprar um produto de menor valor nutricional. Estamos preocupados, porque o Brasil está importando o soro, um sub-produto que ocupa espaço nacional", concluiu.