Apesar da destruição, Caje será aberto para visitas hoje

19/07/2003 - 18h27

Brasília, 19/7/2003 (Agência Brasil - ABr) - Mesmo com o número de agentes sociais reduzido, o Centro de Atendimento Juvenil Especializado de Brasília (Caje) vai garantir o horário de visitas desse domingo. Na sexta-feira, 114 internos renderam 4 agentes sociais, numa rebelião que durou cerca de sete horas, e destruíram completamente uma ala do reformatório. O problema da superlotação levou os jovens a se rebelar por melhores condições dentro do estabelecimento, que tem tem capacidade para 120 internos e atualmente abriga 400.

De acordo com a diretora do Caje, Vírginia Ribeiro Neto, apenas 26 agentes, dos 40 que eram esperados, foram trabalhar no sábado por medo de uma nova rebelião. "Apesar do número reduzido, vamos garantir a visitação, porque as mães não podem ser privadas do convívio com os filhos. Também estamos contando com o reforço das polícias militar e civil", explica a diretora.

O Módulo I, onde ocorreu o motim, ficou completamente inutilizado. O balanço inclui 120 colchões queimados, 40 aparelhos de TV quebrados e 22 quartos destruídos. Ainda foram recolhidos com os menores cem estoques (espécie de faca artesanal). O corpo de bombeiros e a polícia civil já realizaram a perícia, mas o resultado dos laudos só ficará pronto em 15 dias.

Ao final da rebelião, 35 meninos foram levados para o Departamento de Polícia Especializada porque não tinham onde dormir e as obras de reforma na ala destruída só ficarão prontas em pelo menos dez dias. Para a diretora, uma das exigências feitas, sobre o direito a visitas íntimas pode ser analisada. "A Diretoria é a favor das visitas íntimas desde que se tenham instalações adequadas para isso, para evitar abusos", argumentou.

Apesar do fim da rebelião, 78 jovens ainda não tinham realizado o exame de corpo de delito. "Nós não tivemos condições de mandar todos para o IML, mas foi solicitado um médico para resolver o problema".

A construção de um novo prédio, o Caje 2, já está em fase de conclusão e deve diminuir o problema de superlotação. Dentro de um ano e meio, quatro novos alojamentos serão inaugurados para abrigar 172 internos. "A expectativa é que a médio prazo esse problemas sejam resolvidos", completa.