Rio Branco, 18/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil precisa voltar a ter planejamento estratégico como todos os grandes países. A afirmação foi feita hoje pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, ao participar, da abertura dos debates públicos sobre o Plano Plurianual (PPA), que definirá as prioridades de investimentos para o Brasil nos próximos quatro anos.
"Um país como o nosso não pode continuar como aconteceu nos últimos 10 anos, sendo pensado de um dia para o outro, de maneira irracional", disse o ministro. Para ele, o governo não poderia fazer planejamento tecnocrático, reunido em Brasília para decidir pelos 27 estados. Na sua opinião, a intenção poderia ser boa mas o resultado ruim.
Dulci afirmou, para uma platéia de representantes de 115 entidades da sociedade civil do Acre, que além de retomar o planejamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer fazer isso "democraticamente, ouvindo a população onde ela está. E impossível fazer democracia só a partir de Brasília".
O ministro defendeu a criação, pelo governo federal, de uma política de desenvolvimento que preserve e valorize as diferenças regionais. Para ele, os problemas não são as diferenças, mas as desigualdades que impedem o desenvolvimento equilibrado e em consequência, a igualdade de oportunidades.
Dulci aposta no planejamento como forma da sociedade poder fiscalizar o cumprimento das metas combinadas e também para o governo se auto-avaliar, e se for caso, corrigir rumos. Na sua opinião, se o governo planeja sozinho não cria corresponsabilidades.
O ministro reiterou que o presidente Lula não quer que a população fique na arquibancada vendo o governo jogar. Segundo ele, o presidente não quer ninguém na arquibancada mas participando, para também não deixar o governo se acomodar.
Dulci assegurou que ainda este ano o país voltará a crescer e por isso os debates do PPA são feitos sobre bases concretas. "Agora não se discute mais o que se gostaria, mas como se quer crescer para beneficiar a quem e de que maneira".
O ministro observou no entanto que o Brasil tem alguns problemas seculares, que foram agravados nos últimos dez anos, e por isso não podem ser resolvidos num passo milagroso. Ele explicou, que de acordo com as prioridades, as metas serão colocadas anualmente até 2007. Lembrou que não dá para fazer tudo que o país precisa de uma vez só.
Sobre o Fórum do PPA no Acre, o ministro disse que teve a melhor impressão possível, não só pela quantidade de entidades participantes, que foi recorde, mas pela qualidade desses participantes e de suas propostas. De acordo com Luiz Dulci, são sugestões sérias, responsáveis e viáveis e que enriquecem o plano de governo.
O governador do Acre, Jorge Viana (PT), disse na ocasião que a sociedade está entendendo a determinação do presidente Lula de mudar o Brasil e os debates públicos do PPA mostram isso. Ele lembrou que a Amazônia nunca foi reconhecida pela sua importância, já que as decisões para a região eram tomadas pelo governo central, sem consultas, o que trouxe muitos problemas.
O governador disse ainda que algumas pessoas que estão decepcionadas com ao autal governo é porque apostavam na desgraça e erraram triplamente. Como exemplo, citou a situação externa do país, que avançou muito superando os últimos anos. "Nunca, em tão pouco tempo, evoluímos tanto na política externa brasileira", disse.
Jorge Viana pediu paciência aos ansiosos, alegando que o orçamento deste ano foi feito pelo governo anterior. "O orçamento de 2004 será o primeiro do governo Lula e será totalmente diferente", prometeu.
Citando sua experiência, o governador ensina que é preciso começar a trabalhar modestamente agora para ter bons retornos depois.