Países latino-americanos reforçam medidas para a erradicação do sarampo

20/05/2003 - 22h37

Brasília, 20/5/2003 (Agência Brasil - ABr) - Técnicos do Programa Nacional de Imunizações do Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi) discutiram com a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) e representantes do Ministério da Saúde do Paraguai medidas para consolidar a erradicação do sarampo nos dois países. Durante a reunião, realizada em Foz do Iguaçu, no Paraná, os técnicos planejaram atividades conjuntas para a jornada sul-americana de vacinação, programação criada no ano passado pela Opas para acelerar a erradicação do sarampo nos países latino-americanos, bem como o controle e prevenção de doenças que podem ser evitadas com vacinas.

Esta foi a terceira reunião de planejamento das atividades da jornada. A primeira ocorreu no dia 13 de maio, em Corumbá, Mato Grosso do Sul, entre Brasil, Bolívia e Peru. Na quinta-feira passada, dia 15, foi a vez de os técnicos brasileiros e colombianos se reunirem para discutir o assunto, na cidade de Letícia, Colômbia. Durante as reuniões, os governos do Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia e Paraguai acertaram que os quatro países farão a imunização de crianças menores de cinco anos com a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. Foi decidido também que todas as crianças nessa faixa etária serão imunizadas contra a poliomielite, independentemente de já terem sido vacinadas. As mulheres receberão vacinas contra sarampo, rubéola e tétano.

Outra decisão tomada durante a reunião de ontem foi a de que alguns municípios da área de fronteira dos países envolvidos nesta operação utilizarão barcos nas áreas de difícil acesso, dividindo os custos de deslocamento. Durante toda a jornada de vacinação será reforçada a vigilância epidemiológica das doenças imunopreveníveis e o monitoramento quanto às coberturas vacinais, atividade essencial para garantir a proteção da população contra enfermidades.

Ao todo, o país realizará a jornada em parceria com sete países. Além daqueles com os quais o Brasil se reuniu, integram a estratégia a Argentina, o Uruguai e a Venezuela. A Jornada Sul-americana de Vacinação, que ocorrerá entre os dias 2 e 6 de junho, tem a adesão de todos os países da América do Sul, além do México, Guatemala, Honduras, Costa Rica e Bahamas, pertencentes à América Central.

Apesar da programação da Opas para a Semana de Vacinação nas Américas ser direcionada à imunização contra o sarampo, o Brasil aproveitará a oportunidade para fazer a vacinação contra a febre amarela, a poliomielite, a hepatite B e a caxumba, entre outras doenças. No Brasil, serão vacinadas as crianças de comunidades indígenas, áreas remotas, áreas periféricas dos grandes centros urbanos e zonas de fronteira.

O Programa Nacional de Imunizações coloca à disposição anualmente mais de 300 milhões de doses de 40 tipos de imunobiológicos. O fornecimento das vacinas é gratuito e as campanhas de imunização são exemplos de mobilização social. Na vacinação contra a poliomielite, o Brasil consegue ativar 131 mil postos de saúde, mobilizar 530 mil pessoas, entre profissionais de saúde e voluntários, e vacinar mais de 17 milhões de crianças.

As altas coberturas vacinais, associadas com as ações de vigilância epidemiológica, levaram o país a manter a erradicação da pólio e da febre amarela urbana, além de estar próximo de erradicar o sarampo. O último surto da doença no Brasil ocorreu em 2000. No passado, o país teve o registro de um único caso da doença, importado do Japão.

A febre amarela urbana foi erradicada em 1942 e a febre amarela silvestre continua sob controle. A partir de 1998, foi intensificada a vacinação dos moradores de áreas endêmicas e de risco e das pessoas que para lá viajam. Entre 1998 e 2002, foram aplicadas 64,4 milhões de doses de vacina. Estas ações levaram à redução de 76 casos, em 1999, para 14, em 2002. Este ano, foram registrados 45 casos da doença.