Pesquisadores produzem vacina contra o HPV, vírus que causa o câncer cervical

20/11/2002 - 18h36

Brasília, 20/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - Pesquisadores do Hospital da Mulher de Boston, Estados Unidos, desenvolveram uma vacina que tem se mostrado 100% eficiente contra o vírus que causa a maioria dos casos de câncer cervical. Segundo o patologista Christopher Crum, ainda não está claro por quanto tempo a vacina protegeria a paciente. Mas a boa notícia que ele e sua equipe deram é que a vacina pode chegar ao mercado em apenas cinco anos.

O resultado dessa pesquisa foi publicado na edição de quinta passada do New England Journal of Medicine, publicação científica da área médica. A vacina atua ao "ensinar" o sistema imunológico a reconhecer vírus e bactérias que invadem o organismo. É verdade que há vários tipos de câncer que se desenvolvem devido a mutações genéticas e a fatores ambientais. No entanto, os especialistas concordam que, virtualmente, praticamente todos os casos de câncer cervical são causados pelo papiloma vírus (HPV). O vírus é transmitido sexualmente.

O HPV atinge cerca de 450 mil mulheres em todo mundo, anualmente, matando pelo menos a metade delas. É o câncer que mais mata mulheres nos países em desenvolvimento. O vírus se desenvolve em pelo menos 15 mil mulheres nos Estados Unidos e os casos fatais atingem um terço desse total. A nova vacina atua no combate do HPV 16, responsável pela metade dos casos de câncer cervical, e foi testada em mulheres com idades entre 16 e 23 anos. Nenhuma das 768 mulheres que tomaram a vacina apresentou infecções pré-cancerígenas do HPV 16.

O êxito obtido até agora é visto, no entanto, com cautela, em parte porque o câncer cervical é causado por variações múltiplas do papiloma vírus. Mas o fato é que vacinas que atinjam outras variedades de HPV poderão ser produzidas, prevêem os mais otimistas. Uma vacina múltipla para o combate do HPV, esperam os pesquisadores, poderia inclusive combater formas raras de câncer peniano, anal e vaginal. Além disso, os homens poderiam ser vacinados para não infectar suas parceiras.