Brasília, 20/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Federal vai criar um posto avançado em Serra Pelada, no sul do Pará, onde mais de 10 mil garimpeiros disputam o direito de exploração do ouro. Na madrugada de hoje, cerca de 600 homens do Exército ocuparam o garimpo para evitar novos conflitos.

Hoje, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), solicitou ao ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, que a PF investigue a morte do presidente do Sindicato dos Garimpeiros de Curionópolis, no Pará, Antônio Clênio Cunha Lemos. Ele foi assassinado na sede da entidade, na madrugada do último domingo, enquanto elaborava um relatório sobre todos os garimpeiros que teriam legalmente o direito de voltar à mina de Serra Pelada.

O ex-agente do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e atual prefeito de Curionópolis, Sebastião Curió, é suspeito de envolvimento no assassinato. Ele lidera um dos grupos que disputam o comando de Serra Pelada. Nos últimos dias, o sindicalista vinha alertando que se alguma coisa lhe acontecesse a responsabilidade seria de Curió. Para Fantazzini, as investigações feitas pela polícia local podem estar comprometidas.

Fantazzini solicitou ainda a mediação do governo federal na disputa entre os três grupos que brigam pela liderança da mina de ouro. O clima é tenso na região desde a semana passada, quando 6 mil garimpeiros tentaram entrar em Serra Pelada, mas foram impedidos por outros três mil ligados a Curió. "Sem a participação ativa do governo federal, esse conflito vai se prolongar, com o registro de mais mortes", afirmou o deputado que esteve, ontem e hoje, em Serra Pelada para conhecer a situação de perto.

De acordo com o deputado, o ministro disse que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República já está estudando o caso. Paulo de Tarso assegurou que vai entrar em contato com o Gabinete e dará uma resposta ainda esta semana sobre as providências que serão tomadas.