Brasília, 20/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - Começou hoje o Censo Racial do Serviço Público Federal, que vai identificar o universo dos servidores públicos afrodescendentes. Até o dia 27 deste mês, os 460 mil funcionários públicos federais em atividade terão de responder ao questionário sobre raça e cor, autodeclarando-se brancos, pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Aqueles que não quiserem revelar sua cor, deverão marcar a opção "não declarada".
O preenchimento do cadastro pode ser feito no site Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (www.planejamento.gov.br).
A secretária de Gestão do Ministério, Evelyn Levy, comentou que o governo pretende conhecer a situação dos servidores negros, buscando igualdade e justiça social. Segundo Evelyn, os brasileiros afrodescendentes constituem a segunda maior nação negra do mundo. "São 76,4 milhões de pessoas, o que corresponde a 45% dos habitantes do Brasil", revelou.
Para Evelyn, o censo ajudará em ações que reduzam a discriminação, já que a sociedade continua não oferecendo oportunidades iguais para todos os grupos étnicos. "Existem áreas fechadas ao trabalhador negro, mesmo que ele tenha competência para exercer a atividade. Nos shopping centers, restaurantes e hotéis de luxo, por exemplo, é visível o preconceito", disse.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostram que atualmente os brancos recebem, em média, R$ 696 por mês, enquanto os negros ganham aproximadamente R$ 331, uma remuneração inferior à metade do que recebem os brancos. O instituto diz também que o desemprego é maior entre os negros.
Mesmo representando uma expressiva parcela da população, os negros enfrentam a desigualdade em tudo, como mercado de trabalho, renda e ascensão social, afirmou Evelyn. "Só para dar uma idéia, na camada da população onde estão os 10% mais ricos, 90% são brancos. Já na camada da população onde se encontram os 90% mais pobres, 70% são negros", destacou.
Responder ao Censo Racial do Serviço Público é o primeiro passo de cada servidor para que o governo crie meios de reduzir as desigualdades sociais e ajudar grupos étnicos a alcançar posições de destaque na sociedade, disse Evelyn. Os resultados do questionário estarão disponíveis no dia 27, no site do Ministério.
