Brasil e EUA discutem questões de comércio bilateral

20/11/2002 - 18h24

Brasília, 20/11/2002 (Agência Brasil - ABr) - A III Reunião do Mecanismo de Consultas Brasil-EUA nas Áreas de Comércio e de Investimentos foi realizada hoje, em Brasília. A delegação brasileira foi chefiada pelo Embaixador Clodoaldo Hugueney Filho, Subsecretário-Geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior, e a delegação norte-americana pelo Embaixador Peter Allgeier, "Deputy USTR" ("United States Trade Representative"). As informações são da Assessoria de Imprensa do Ministério das Relações Exteriores.

O Mecanismo de Consultas é foro político para o intercâmbio de idéias e de opiniões em assuntos comerciais de interesse mútuo. Foi estabelecido no final de março de 2001, por ocasião da visita do Presidente Fernando Henrique Cardoso a Washington, com o propósito de, essencialmente, propiciar um diálogo franco e transparente com a finalidade de atualizar a compreensão dos objetivos e aspirações de cada parte nos diversos entendimentos comerciais em curso.

A primeira reunião realizou-se no Rio de Janeiro, em 20 de julho de 2001. A segunda, em Washington, no último dia 22 de maio. A III Reunião, que se realiza em seguida à Mini-Ministerial de Sydney (14 e 15 de novembro), possibilitou troca geral de idéias sobre o andamento das negociações da Rodada Doha, e os desafios que devem ser enfrentados até a realização da V Ministerial em Cancun, em setembro de 2003. A esse respeito, as discussões ressaltaram aspectos referentes à implementação, tratamento especial e diferenciado, cooperação técnica e, em particular, ao Acordo sobre Propriedade Intelectual (TRIPS) e Saúde Pública. Sobre este último ponto, Brasil e EUA concordaram que o alcance das discussões, em Genebra, deve estar centrado nos parâmetros acordados em Doha.

No que diz respeito às discussões sobre a ALCA, Brasil e EUA expressaram sua satisfação com os resultados da VII Reunião Ministerial, celebrada em Quito, no dia primeiro deste mês. Reconheceram, ainda, os desafios da nova fase de negociação que se inicia e expressaram sua disposição em obter um acordo equilibrado e abrangente que venha a atender o interesse de todas as partes.

No segmento de assuntos bilaterais foram tratados, entre outros, temas relacionados com propriedade intelectual, biotecnologia, têxteis, energia, etanol, recentes medidas norte-americanas de segurança pública com impacto comercial, além de temas agrícolas.

Com relação às recentes iniciativas norte-americanas na área de segurança, expressou o lado brasileiro a preocupação com as possíveis restrições comerciais que poderão derivar de tal iniciativa. Ofereceu-se, também, a cooperar de forma a minimizar eventual impacto negativo no comércio bilateral. Foram discutidas, também, questões relacionadas ao combate à pirataria. Foi expressado, ainda, o interesse do setor têxtil brasileiro em obter flexibilidades que permitam o aumento de suas quotas de exportações para o mercado norte-americano. No que diz respeito às questões agrícolas, o Brasil manifestou interesse em obter do lado norte-americano o reconhecimento da condição sanitária do rebanho brasileiro, com vistas à certificação do País como fornecedor de carne bovina "in natura" para o mercado norte-americano. A delegação brasileira fez uma ampla exposição sobre os avanços que vêm sendo obtidos internamente para a erradicação da febre aftosa.