Brasília, 17 (Agência Brasil - ABr) - O tráfico de mulheres, crianças e adolescentes para
exploração sexual foi o principal assunto discutido hoje, durante reunião da comissão especial da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos (SEDH) para combate ao trabalho escravo e infantil.
Participaram representantes do Conselho Nacional dos Diretos da Criança e do Adolescente (Conanda), dos ministérios do Trabalho e Emprego, da Educação e do Desenvolvimento Agrário, da Secretaria de Assistência Social, da Comissão Pastoral da Terra, da Polícia Federal e do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria).
Entre as sugestões para reprimir a prática estão o aumento da fiscalização da Polícia Federal nas áreas de fronteira; a articulação entre órgãos governamentais e civis para execução de ações de prevenção e repressão ao tráfico e de atendimento às vítimas; e a realização de campanhas públicas para alertar a população sobre esse crime.
A discussão teve por base a pesquisa Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial no país, lançada em 20 de junho e realizada pelo Cecria em parceria com a SEDH e com o Instituto Internacional de Leis e Direitos Humanos da DePaul College de Chicago/Eua.
O trabalho aponta a existência de 241 rotas de tráfico de mulheres e adolescentes no Brasil, a maioria na Região Norte. Essas rotas estão divididas em 78 interestaduais, 32 intermunicipais e 131 que ligam o Brasil ao exterior. Os países que mais recebem mulheres brasileiras para a exploração sexual são Espanha, Holanda, Venezuela, Itália e Portugal. As adolescentes são cooptadas principalmente por redes nacionais de exploração sexual.
A pesquisa indica também que as principais vítimas do tráfico no Brasil são mulheres negras, entre 15 e 25 anos de idade e provenientes de camadas mais pobres da população. Elas têm baixa escolaridade e as mais jovens já sofreram algum tipo de violência sexual.
A comissão especial da SEDH foi constituída em 28 de janeiro deste ano e tem a função de tomar conhecimento e acompanhar denúncias de violência no campo, exploração do trabalho forçado, escravo e infantil, além de propor medidas para coibir essas práticas.