Brasília, 17 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Fazenda, Pedro Malan, comentou, nesta quarta-feira, que o impacto da redução da taxa básica de juros (Selic) de 18,5% para 18% ao ano será positivo, mas ressaltou que só será possível medir a extensão desse impacto a partir de outras considerações, como, por exemplo, o contexto internacional de turbulência. Malan acrescentou que não houve qualquer interferência política na decisão anunciada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir os juros.
"Ao longo de todos esses anos, o Banco Central tem sido absolutamente independente, através do Copom, ao estabelecer as suas decisões sobre juros. Nem eu e nem o presidente Fernando Henrique Cardoso fizemos qualquer pressão sobre o Banco Central", disse Malan. Ele ressaltou que os critérios adotados pelo comitê são técnicos, observando, principalmente, o comportamento da inflação para os próximos 18 meses. A declaração do ministro responde a informações de que o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, teria solicitado ao presidente que interferisse junto ao Copom.
Malan, disse, em encontro com jornalistas, que está disposto a manter encontros com candidatos à Presidência para tratar de um possível acordo de transição com o FMI. "Nós devemos mostrar ao país que temos capacidade e maturidade política para fazer uma transição de um governo legitimamente eleito para outro governo legitimamente eleito da forma mais tranqüila possível, menos turbulenta e menos ruidosa possível", disse, ao comentar a iniciativa do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de conversar com lideranças dos vários partidos concorrentes à Presidência.
Fraga encontrou-se hoje com o presidente do PSDB, José Aníbal, e tem encontro marcado para esta quinta-feira com o deputado Aluísio Mercadante, do PT. Malan lembrou que já conversou sobre a economia brasileira com o candidato Ciro Gomes, que conversará com Serra, e que não se furtaria a atender o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, como faz com qualquer outra pessoa que o procura para discutir problemas do país. "Nunca nos recusamos e jamais nos recusaremos a conversar com quem quer que seja", disse. O ministro ressaltou que não há ainda nenhuma negociação com o FMI em relação ao acordo de transição, mas lembrou que a instituição já divulgou nota afirmando estar disposta a negociar com o Brasil, independente de quem venha a ocupar o futuro governo.
Segundo Malan, o principal objetivo dos encontros é ver a extensão em que os principais candidatos têm condições de assumir compromissos "críveis". Ele apontou a necessidade de os candidatos expressarem publicamente os seus compromissos com a responsabilidade, com o superavit fiscal e com o regime de metas de inflação. A vinda do secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'neill, ao Brasil foi confirmada pelo ministro para o início de agosto.