Brasília, 15 (Agência Brasil - ABr) - A Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça e a Embaixada da França, promovem, até quarta-feira (17), nesta capital, o seminário "Direitos Humanos, Violência e Segurança Pública". O encontro tem o apoio do Instituto Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores.
O secretário de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, não descarta a possibilidade de um intercâmbio para que o Centro de Pesquisa Sociológica sobre o Direito e as Instituições Penais (Cesdip), do Ministério da Justiça da França, repasse informações ao Brasil, especialmente na conciliação entre independência das pesquisas e o relacionamento com o órgão do governo que "tem objetivos imediatos e problemas a resolver".
O diretor do Cesdip, René Lévy, é o principal palestrante do seminário. Hoje de manhã, ele
explicou à platéia de funcionários dos Ministérios da Justiça, Relações Exteriores e Presidência da República que o Cesdip, com 33 anos, funciona na estrutura do Ministério da Justiça francês, mas tem verba própria.
"Se o Ministério quiser acabar com o Centro para ficar com suas verbas é impossível", explicou. Os pesquisadores do Cesdip são independentes, afirmou Lévy.
Paulo Sérgio Pinheiro disse que o Ministério da Justiça tem pesquisas, como no tráfico de meninas e mulheres e a violência entre os jovens. "Temos um acumulado de pesquisas, mas seria interessante ter um centro para a Secretaria dos Direitos Humanos e para as instituições penais", ressaltou.
"Não podia haver melhor momento para a discussão dos direitos humanos", afirmou Paulo Sérgio. O secretário disse que a questão dos direitos humanos tem avançado muito no Brasil, mas ressaltou que "ela se torna mais visível quando atinge pessoas mais visíveis, as que vivem mais
a salvo da violência, como as classes média e alta". Aí, acrescentou Paulo Sérgio, as pessoas voltam suas atenções. "A verdade é que no Brasil a violência atinge basicamente às populações marginalizadas e os jovens".
Paulo Sérgio informou que, se a média nacional de homicídios é de 25 para cada 100 mil habitantes, a cada ano, entre os jovens de 18 e 24 anos a taxa é quatro vezes maior. É de 100 a cada 100 mil habitantes. "A maioria esmagadora desses homicídios não atinge pessoas como Tim Lopes, lamentavelmente e barbaramente assassinado. Mas para cada um Tim Lopes há 20 homicídios em casos semelhantes e a sociedade brasileira não muita presta atenção. Então, acho que essas crises mais visíveis para a classe média e alta são importantes", concluiu.