Brasília, 15 (Agência Brasil – ABr) – Nos pr[oximos dias 20 e 21, quinze técnicos ligados ao Centro de Pesquisas para a Conservação das Aves Silvestres (Cemave) do Ibama farão a observação e contagem das araras-azuis-lear no sertão da Bahia. Este ano, a área de realização do censo será ampliada. Além dos tradicionais locais de contagem das aves em Canudos, Jeremoabo e Sento Sé, serão incluídas áreas próximas aos municípios de Campo Formoso e Paulo Afonso.
Tamanha mobilização se justifica porque a arara-azul-de-lear é a ave brasileira mais ameaçada de extinção. O sertão nordeste da Bahia é o único lugar do mundo onde existe a espécie.
Os últimos censos contabilizaram cerca de duzentas e oitenta aves na natureza. De acordo com técnicos do Cemave, a ampliação do raio de realização do censo garantirá mais precisão à contagem que tem sido feita regularmente a cada quatro meses. Conforme relatos feitos aos pesquisadores do Cemave, existem registros da arara nas novas regiões incluídas no próximo censo.
Apesar de ter sido descrita em 1856, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) só se tornou conhecida a partir dos trabalhos de campo do ornitólogo Helmut Sick, no final da década de 70. Até então, a espécie era um verdadeiro enigma para a ciência. Diversos pesquisadores tentavam encontrar o fio que conduziria até o habitat da leari. Sabia-se que era Nordeste, mas não exatamente em que local.
Como define o próprio Sick em célebre artigo na Revista Brasileira de Ornitologia, "as buscas se davam na aridez do sertão, entre desfiladeiros e paredões, longe das estradas e das cidades, no mesmo espaço em que figuravam os seguidores de Lampião e, mais tarde, os de Antônio Conselheiro. Foi justamente no município de Euclides da Cunha que Sick e sua equipe encontraram, em dezembro de 1978, a primeira prova da existência da arara-azul-de-lear na região: a cauda quase completa de um exemplar morto por um sertanejo. (Hebert França com informações do Ibama)