Goiânia, 10 (Agência Brasil – ABr) – Um dos maiores temores dos usuários de computador, a perda das informações incluídas no computador, mas ainda não gravadas em memória permanente, pode, em breve, desaparecer com o auxílio de uma MRAM (memória) magnética desenvolvida utilizando princípios da spintrônica. A informação foi dada pelo professor Sérgio Machado Rezende, do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na sua conferência "Spintrônica: a eletrônica do futuro", uma das realizadas no terceiro dia da reunião da SBPC, em Goiânia.
Segundo Rezende, o emprego de tecnologia spintrônica na construção das MRAM já é uma realidade e há expectativa de que a IBM, uma das maiores empresas do mundo no ramo da informática, lance, num futuro não muito distante, computadores com esses dispositivos. As MRAM magnéticas diferem das convencionais por não necessitarem de cargas constantes dos computadores nos capacitores para manterem-se atualizadas. Por isso que, nos computadores atuais, quando há um desligamento abrupto, algumas vezes o equipamento recupera tudo, em outras não. O momento da última carga é que determinará se haverá perda de informação ou não. Com a MRAM isso não ocorre, a carga é constante.
A magnetoeletrônica ou spintrônica está baseada no estudo das estruturas magnéticas com dimensões nanométricas. "É uma tecnologia que emprega dispositivos operando com base nas propriedades da carga elétrica do spin (em inglês spin é o que gira em torno de si mesmo) do elétron", informa o professor.
Assim como a descoberta do elétron, da válvula e dos chips promoveram uma revolução nos costumes da sociedade, Rezende acredita que a spintrônica abriga o mesmo potencial. Muitos dos avanços na microeletrônicos que presenciamos, explica ele, são motivados pela tecnologia. "A válvula de spin – dispositivo que controla a corrente magnética – está presente na cabeça de leitura magnética dos computadores e está permitindo o aumento da capacidade de gravação dos computadores", acrescenta.
Na UFPE o professor coordena pesquisas básicas na área de spintrônica, pesquisas essas, afirma ele, essenciais para o desenvolvimento da tecnologia, uma vez que alguns efeitos da magnetoeletrônica ainda não são totalmente compreendidos. (Hebert França)