Brasília, 3 (Agência Brasil - ABr) - Até o fim deste mês, os produtores rurais poderão contar com R$ 21,670 bilhões para serem investidos no plantio, comercialização e investimentos. O anúncio foi feito nesta manhã pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcus Vinícius Pratini de Moraes. O montante faz parte do Plano Agrícola e de Pecuária para a safra 2002/2003. Oitenta e seis por cento desses recursos serão financiados com juros fixos de 8,75% ao ano.
"Normalmente, os recursos estão plenamente nos bancos até o final de julho. As providências já foram todas tomadas. O Conselho Monetário Nacional já aprovou todas essas medidas e agora só faltam detalhes burocráticos para que isso entre em funcionamento imediatamente para atender esta safra. E isso será feito como se fez no ano passado", explicou o ministro.
Segundo ele, um dos grandes problemas da agricultura brasileira era o alto nível de inadimplência e o volume excessivo de dívidas. "No ano passado, renegociamos todas essas dívidas dos agricultores, inclusive, no caso da securitização, elas foram renegociadas em um prazo de 25 anos para o pagamento", enfatizou Pratini, completando ainda que "isso permite que os agricultores liquidem os seus débitos e fiquem com garantias livres para tomar novos financiamentos e, assim, melhorar suas culturas e investir nas suas propriedades".
Na última safra, o nível de inadimplência dos produtores era de 0,6%. "Isso significa que aquela imagem que o agricultor brasileiro tinha de caloteiro acabou. Hoje, ele tem juros fixos, sabe quanto é que vai pagar e está honrando seus compromissos em dia. É por isso que safra, produtividade, exportações e empregos estão crescendo", afirmou Pratini.
Pratini de Moraes anunciou também a criação de novos programas, como o plantio comercial de florestas, que tem como objetivo a plantação de florestas destinadas ao uso industrial, com recursos no valor de R$ 60 milhões; o apoio ao desenvolvimento da cacauicultura, para recuperar a lavoura de cacau por meio de clonagem e adensamento, no qual serão disponibilizados R$ 230 milhões; e de erradicação da brucelose e tuberculose animais, de compra de animais para repor os abatidos por motivos sanitários, no qual serão investidos R$ 30 milhões.
Outro programa anunciado ainda pelo ministro é o Prodecoop, de desenvolvimento cooperativo para a agregação de valor à produção pecuária, que vai incrementar a competitividade do complexo agroindustrial das cooperativas brasileiras, mediante a modernização dos sistemas produtivos e de comercialização, para agregar e aumentar as exportações de produtos pecuários.
"São R$ 250 milhões disponíveis para financiamento de projetos, tecnologias, obras, instalações, treinamentos, despesas pré-operacionais, capital de giro associado ao investimento, entre outros. Queremos que as cooperativas tenham condições para investir na agroindústria com mais força", frisou Pratini de Moraes.
Ele disse ainda que vai trabalhar, na próxima semana, para estabelecer o sistema de opções para milho que assegure ao produtor os preços que ele recebe hoje. "É um mercado de opções. A gente lança opções de venda de forma que o produtor fixa hoje o preço que ele vai vender daqui a 90 dias", explicou o ministro.
"Na semana que entra, anunciaremos várias medidas para a comercialização de alguns produtos, como milho, algodão, arroz. Divulgaremos o volume de recursos e a sistemática que vai ser praticada com o objetivo de assegurar que os produtores tenham sempre os melhores preços", salientou Pratini de Moraes.
Para o ministro, corrigir em 28% o preço do milho sinaliza que o preço mínimo do produto esteve, durante longos anos, deprimido em função do vínculo que existia entre o preço e a securitização, o valor das dívidas dos agricultores. "Por isso, o preço não foi reajustado, nem nos níveis de aumento do custo da produção. Agora, estamos corrigindo isso e mostrando que queremos dar ao produtor um preço remunerador para o milho e faremos isso", disse Pratini.
Os preços mínimos de todos os produtos foram aumentados, entre eles algodão, milho, soja em grãos, arroz e alho.
"Nos próximos dias, devemos anunciar os recursos para a agricultura familiar. Acredito que o montante para investimentos na agricultura chegue a R$ 25 bilhões", concluiu Pratini de Moraes.