Fraga: BC trabalha com metas de inflação decrescente para este ano

25/02/2002 - 14h32

São Paulo, 25 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, afirmou hoje, nesta capital, que a instituição trabalha com metas de inflação decrescente para este e o próximo ano, e disse que será mantida a metodologia adotada no ano passado. Segundo ele, isso quer dizer que existe folga para flexibilização dessas projeções no curto prazo. A previsão do governo é atingir taxa de 3,5% em 2002, caindo para 2,5%, em 2003. A exemplo de outros países como o Canadá e a Nova Zelândia, "levamos em consideração nos cálculos de médio e longo prazo eventuais choques de oferta e de demanda, enfim, temporários, como o impacto sobre a economia do racionamento de energia e elevação da tarifa no setor", justificou Fraga. Ele acrescentou que essa sistemática administrativa permite um horizonte confiável para que as empresas possam planejar o futuro de seus empreendimentos. "As metas não mudaram, o que mudou foi o ambiente", disse.

Falando no seminário "Política Econômica e suas Perspectiva Futuras", realizado no buffet Rosa Rosarium, promovido pela Ordem dos Economistas de São Paulo, Armínio Fraga anunciou que os detalhes envolvendo a redução na taxa de juros (Selic), em 0,25% ponto percentual, baixando de 19% para 18,75%, serão esclarecidos na ata do comitê de Política Monetária (Copom), a ser divulgada na próxima quinta-feira. Ele traçou um cenário positivo da macroeconomia do País, citando alguns setores que mantêm projeções de crescimento das exportações, como é o caso das indústrias de brinquedo e automobilística, destacando, em especial, as remessas de ônibus e os ainda recentes contratos da Companhia Vale do Rio Doce com a Polônia.

No encontro, Fraga disse que o Brasil precisa aumentar sua poupança interna, procurando cada vez mais tornar-se menos dependente da poupança externa. Nesta linha de raciocínio, voltou a defender a aprovação do destaque da emenda constitucional sobre a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), cuja matéria deve ser votada amanhã. Para o presidente do Banco Central, a isenção deste tributo sobre as negociações em bolsas de valores é importante para o desenvolvimento econômico do País, bem como sua extensão para securitização do mercado imobiliário, dos fundos de pensão e crédito em geral.