FHC faz balanço das conquistas da economia brasileira para poloneses

25/02/2002 - 12h22

Discurso do Senhor Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, no encerramento do Fórum Econômico, por ocasião da visita oficial à Polônia.

Varsóvia, 25 de fevereiro de 2002

Brasília, 25 (Agência Brasil - ABr) - Esta é a primeira vez que venho à Polônia como Presidente do Brasil e espero que esta visita possa contribuir para relações mais estreitas entre os dois países.
Quero agradecer a todos os que trabalharam para organizar este Fórum Econômico, o que me dá uma boa oportunidade para uma troca de opiniões com este distinto público.
Gostaria de falar sobre a atual situação econômica do Brasil e suas perspectivas de crescimento e desenvolvimento social.
Para começar, gostaria de ressaltar que muitos dos Senhores devem estar acostumados a pensar no Brasil como o país do futebol, do carnaval e como um belo destino turístico. Bem, temos orgulho de ser tudo isso, e inclusive pretendemos vencer a próxima Copa do Mundo de Futebol este ano, com o devido respeito a todas as outras seleções.
No entanto, é importante observar que o Brasil é, hoje, muito mais do que isso.
Somos uma das nove ou dez maiores economias do mundo.
O Brasil é um dos países lideres na exportação de aeronaves, particularmente no segmento de jatos regionais.
Somos um dos países líderes no campo da pesquisa em genoma. Nossos cientistas desenvolveram técnicas pioneiras para o sequenciamento do código genético de microorganismos que causam sérios danos à agricultura brasileira.
Somos um país dos mais avançados na tecnologia de petróleo em águas profundas.
O número de telefones celulare em funcionamento no Brasil aumentou a uma taxa de cerca de 80 por cento por ano de 1994 a 1999.
Temos um dos maiores índices de conexão à Internet no mundo em desenvolvimento - mais de 12 milhões de usuários.
Em 2001, mais de nove mil empresas brasileiras receberam certificados ISO 9000 (reconhecimento de altos padrões de qualidade na produção de bens e serviços).
Em resumo, o Brasil é hoje uma economia moderna e vibrante, destinada a alcançar altos níveis de desenvolvimento e prosperidade no século XXI.
Existem razões bem fundamentadas que nos autorizam a ter confiança no futuro do Brasil.
Prova eloqüente disso é o fato de que, nos últimos quatros anos, temos recebido uma média de 2,3 bilhões de dólares mensais em investimento estrangeiro direto.
Investidores de todas as regiões do mundo estão ávidos a participar do crescimento do Brasil, porque eles sabem que o que aconteceu no Brasil desde 1994 produziu mudanças decisivas nas nossas perspectivas de desenvolvimento e progresso.
O que aconteceu exatamente no Brasil desde 1994?
A resposta pode ser resumida em três palavras: democracia, estabilidade e justiça.
Fortalecemos nosso sistema democrático por meio de eleições periódicas, livres e transparentes.
Esse processo conta com a forte participação dos cidadãos e se beneficia dos avanços na tecnologia da informação.
Em outubro deste ano, quase 100 milhões de eleitores escolherão um novo Presidente, um novo Congresso e novos Governadores de Estados, em um clima de completa liberdade e debate democrático aberto.
Minha segunda palavra foi estabilidade. Com isso refiro-me à forma decisiva com que fomos capazes de lidar com a inflação crônica que costumava prejudicar a economia brasileira até 1994.
Desde adoção do Plano Real, a inflação foi mantida sob controle - em um dígito - e a estabilidade monetária abriu uma nova era na história econômica brasileira.
Desde o início do Plano Real, a economia brasileira tem crescido a uma taxa média de 3,3%. Isso é menos do que nós gostaríamos, mas é mais de duas vezes a taxa dos 12 anteriores ao Plano Real.
O fato de que fomos capazes de derrubar a inflação tornou possível para o setor privado brasileiro planejar melhorar seus investimento. Isso trouxe uma mudança de mentalidade nos agentes governamentais e na opinião pública em relação à disciplina fiscal e ao manejo dos recuros públicos.
De fato, a responsabilidade fiscal foi estabelecida como uma obrigação legal no Brasil, por meio de uma lei votada pelo Congresso em 2000.
Vários indicadores mostram esse progresso. Mais de 10 milhões de brasileiros saíram da pobreza e passaram a participar do mercado de consumo.
Além disso, uma vez que a inflação não está mais erodindo o poder de compra dos trabalhadores o salário mínimo cresceu em termos reais.
Hoje, o salário mínimo é 27 por cento mais alto, em termos reais, do que era em 1990. Nada parecido com isso havia jamais ocorrido no Braisl.
Ademais, a estabilidade econômica combinada com novos e inovadores mecanismos de prevenção da corrupção e a garantia da utilização ótima dos recursos públicos - abriu caminho para uma nova geração de políticas públicas nesse campo, particularmente em educação e saúde.
Os resultados são inegáveis. Temos agora 97 por cento das crianças brasileiras matriculadas na escola e estamos nos aproximando do 100 por cento. Isso é muito importante, especialmente se você sabe que o Brasil é uma sociedade na qual, até recentemente, a educação era vista por muitos como um privilégio inacessível.
Na área da saúde, pusemos em marcha um programa contra a Aids reconhecido como modelo pela opinião pública mundial e pela Organização Mundial da Saúde..
Pusemos medicamentos genéricos mais baratos à disposição da população.
E criamos um programa nacional de agentes comunitários de saúde que permitiu uma redução significativa da mortalidade infantil, especialmetne nas áreas mais pobres, em um período de apenas poucos anos.
Para sintetizar, estou convencido de que a economia e a sociedadce brasileiras estão preparados para colher os frutos de um novoa ciclo de desenvolvimento.
Neste contexto, existe uma ampla gama de oportunidades para uma parceria frutífera entre o Brasil e a Polônia.
Essa parceria é construída sobre sólidos laços de amizade entre os dois povos e relações de confiança e diálogo entre os dois governos. A esse respeito, tenho o prazo de dizer que durante esta visita à Polônia junto com o Presidente Kwasniewski, fui capaz de identificar novas oportunidades de cooperação.
Mas a parceria brasileiro-polonesa precisa envolver também o setor privado dos dois países.
Desenvolvemos importantes relações financeiras.
O Brasil é o principal parceiro da Polônia na América Latina. Nosso comércio bilateral é dinâmico e mostra grande potencial.
O Brasil está profundamente envolvido no processo de integração regional na América do Sul, especialmente com o Mercosul.
Por sua vez, a Polônia está se preparando para integrar a União Européia, passo muito importante tanto política como economicamente.
Relações estreitas entre o Brasil e a Polônia continuarão a ser uma prioridade para nós.
Enfrentamos muitos desafios semelhantes.
Temos muito a aprender com o fortalecimento de nossa amizade e nossos laços de comércio e empresas.
Hoje, apresentei um quadro do Brasil como um novo país; um país pronto para crescer com democracia, estabilidade e melhores níveis de justiça social.
Estou convencido de que, como o desenvolvimento de laços mais estreitos com nossos amigos no mundo todo - como a Polônia - seremos capazes de fazer um trabalho melhor.
Convido todos vocês a tomarem parte nessa parceria para o futuro.
Muito obrigado.