Nielmar Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa, defende que o suprimento de energia para o desenvolvimento do país passa “necessariamente” pela construção de novas usinas hidrelétricas.
“O fato é que o desenvolvimento do país e o suprimento energético passam necessariamente pela construção de novas hidrelétricas. É claro que sempre há impactos ambientais numa obra desse porte”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Na avaliação do ex-presidente da Eletrobras, houve, no entanto, “uma certa falta de competência” do governo federal na construção de um pacto em torno da necessidade de implantação da hidrelétrica de Belo Monte. Duas subsidiárias da Eletrobras disputam a licitação para a construção da Usina de Belo Monte – cujo leilão seria realizado hoje (20), mas está suspenso por decisão judicial.
“Houve uma certa falta de competência do governo em fazer um pacto com os grupos e movimentos sociais e ambientais. Há a questão das terras indígenas, um complicador. Havia e há a necessidade de se chegar a um acordo com eles. As condições de vida na região são muito precárias em geral e tem muito que se fazer. Isto também não foi bem resolvido. A princípio, eu sou a favor [da construção de Belo Monte], mas com essa ressalva”.
Luiz Pinguelli Rosa disse que também concorda com as posições defendidas pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, e pelos últimos dois ministros de Minas e Energia (Silas Roundeau e Edison Lobão) de que o país tem que optar por qual tipo de energia prefere na continuidade do seu modelo energético: as hidrelétricas (com menos impacto ambiental e proveniente de uma fonte mais limpa), a água, ou a obtidas de fontes não tão limpas e, em geral utilizando combustível fóssil – como o carvão e o óleo combustível.
“Se você não tiver as hidrelétricas, outras usinas, utilizando outras fontes, serão feitas. E pelo andar da carruagem tenderão majoritariamente ser usinas termelétricas, a partir do carvão, do gás, do óleo combustível. O fato é que esse impasse ambiental tem levado a um crescimento grande da participação do combustível fóssil na nossa matriz energética.”
Segundo Pinguelli Rosa, é “uma utopia” pensar que é possível atender ao crescimento da economia brasileira a partir do aumento da oferta de energias alternativas – como a eólica e a solar. “É muito difícil que isso possa ocorrer. Elas podem ter uma participação, um papel maior do que tem hoje, mas nunca cobrirão toda a oferta de geração que propiciará Belo Monte, por exemplo. Seria impossível.”
Para Pinguelli, porém, o governo tem a obrigação de respeitar e ouvir os ambientalistas. “Acho que os ambientalistas devem ser respeitados. Acho que o governo deve responder a todas as perguntas e questionamentos deles, mas eu não vejo, a princípio, um impedimento maior em fazer essa usina [de Belo Monte]. Ela não inunda muito. O problema é, inclusive, o contrário: a redução da água em grande parte do Rio [Xingu], mas isso pode ser evitado com condições restritivas na operacionalização da usina. Então, há solução.”
Edição: Talita Cavalcante