Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O número de famílias acampadas no Brasil à espera de terra foi contestado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cerca de 90 mil famílias estariam vivendo em acampamentos montados pelo próprio MST. O presidente do Incra, Rolf Hackbart, não acredita nos números apresentados. Ele informou que a meta do governo neste ano é assentar 60 mil famílias ligadas ao movimento. Hackbart está reunido neste momento, em Brasília, com lideranças do MST discutindo as ocupações de prédios do Incra por trabalhadores sem-terra.
A estimativa do MST, no entanto, foi considerada realista pelo professor de geografia da Universidade de São Paulo (USP), Ariovaldo Umbelino. O especialista acompanha os números relacionados a questão agrária no Brasil e, com base na quantidade de cestas básicas distribuídas a acampados, afirma que existem em torno de 120 mil famílias em acampamentos. No ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, foram distribuídas 954,5 mil cestas básicas a 224,5 mil famílias.
O historiador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Clifford Welch, que acompanha os movimentos sociais ligados à questão agrária no Brasil, também considera a estimativa do MST “plausível”. Mas ressalva que “é difícil ter certeza, porque os acampamentos são muito fluidos”.
Edição: Vinicius Doria