Paula Menna Barreto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O sindicalista Daniel Soares da Costa Silva, membro do Sindicado dos Trabalhadores Rurais de Parauapebas (sudeste do Pará), a aproximadamente 450 quilometros de Belém, foi assassinado esta manhã quando se dirigia de moto para o assentamento Carajás, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Seu corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Marabá, onde deve ser feita a necropsia. Segundo a Comissão Pastoral da Terra no Pará, um grupo de pistoleiros esperava por Soares próximo ao assentamento.
É o segundo assassinato de lideranças populares e o terceiro ligado aos trabalhadores rurais em menos de quatro dias no interior do Pará. No último sábado (12), a missionária norte-americana e naturalizada brasileira Dorothy Stang foi assassinada no município de Anapu (PA). Ela foi atingida por seis tiros. O primeiro, na nuca, causou morte instantânea. Mais três projéteis foram disparados nas costas da freira e dois pela frente.
O crime ocorreu quando Dorothy se dirigia a um encontro em que iria organizar um mutirão para construir um salão comunitário no assentamento Esperança, situado a 45 quilômetros de Anapu, onde residia há 27 anos.
Também morreu o trabalhador Adalberto Xavier Leal, assassinado no último domingo também em Anapu. Xavier trabalhava para o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, suspeito de ser o mandante do assassinato da missionária Dorothy Stang.
Dados do relatório "Pará: Estado de conflito", elaborado pelaa organização não-governamental Greenpeace, mostram que o estado apresenta o maior índice de assassinatos ligados à disputa de terras. Segundo o relatório, de 1985 a 2001, quase 40% das 1.237 mortes de trabalhadores rurais no Brasil foram registradas no Pará.
Para coordenador estadual da CPT, Jax Pinto, os crimes ligados à terra só vão acabar quando o governo federal atuar energeticamente, principalmente nas regiões de fronteira.