Grupo Tortura Nunca Mais protesta no Rio contra o ''barco da morte e da tortura'' de Pinochet

03/09/2003 - 19h00

Rio, 03/09/2003 (Agência Brasil - ABr) – Cerca de 40 pessoas do Grupo Tortura Nunca Mais e simpatizantes, lideradas pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, Alessandro Molon, protestaram em frente ao consulado do Chile no Rio de Janeiro, contra a presença do Navio-Escola La Esmeralda, que teria sido utilizado durante o regime do general Augusto Pinochet, para prender e torturar presos políticos contrários ao governo dele, na cidade de Valparaíso.

Segundo a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Elisabeth Silveira, a manifestação foi pacífica e nos moldes das que são realizadas em todas as partes do mundo onde o navio aporta, "quando consegue aportar".

Durante a manifestação, o Grupo Tortura Nunca Mais entregou ao cônsul chileno no Rio de Janeiro, Lamberto Verdugo Neira, uma carta solicitando a retirada do navio da armada chilena e que ele seja transformado em um museu em memória da violência cometida contra o povo chileno pela ditadura militar. Segue a íntegra da carta.

"Ao Exmo. Cônsul do Chile no Brasil Sr. Lamberto Verdugo Neira:

O Grupo Tortura Nunca Mais/RJ (GTNM/RJ), a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e demais cidadãos fluminenses vêm protestar, publicamente, diante da visita à nossa cidade do navio-escola da Armada Chilena "La Esmeralda".
Tendo em vista que, logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973, na cidade de Valparaíso, o referido navio foi utilizado como centro de detenção e tortura pelo regime fascista do General Pinochet, sua presença, em qualquer porto do mundo, não pode ser benvinda.
Conhecido como "barco da morte e da tortura", simboliza, também, o horror cometido em nosso continente pela famigerada "Operação Condor" que assassinou e torturou, milhares de cidadãos chilenos, além de brasileiros, uruguaios e argentinos.Assim, viemos solicitar que o navio-escola "La Esmeralda", de tão triste história, seja afastado, definitivamente, da Armada Chilena e transformado em um museu da memória da violência cometida contra o povo chileno durante a ditadura militar". (Nielmar de Oliveira)